A Polícia Federal (PF) prendeu na noite desta quinta-feira (5) em Boa Vista, em Roraima, o garimpeiro Eliézio Monteiro Neri, que foi condenado por envolvimento no genocídio de indígenas ianomâmi conhecido como Massacre do Haximu e estava foragido. Segundo a Polícia Federal, Neri foi abordado pela Polícia Militar quando estava em um supermercado. A corporação pediu o apoio para a realização da prisão após receber a informação de que o garimpeiro chegaria na capital de Roraima pela rodoviária.
O massacre aconteceu em 1993, quando garimpeiros que atuavam em região próxima à fronteira com a Venezuela assassinaram 16 ianomâmis. Entre os mortos havia mulheres, adolescentes, crianças e um bebê. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), o massacre chegou ao conhecimento das autoridades em agosto daquele ano, por meio de um bilhete escrito por uma freira que estava em missão na região.
A MPF relata que, no dia 15 de julho daquele ano, sete garimpeiros chamaram seis indígenas para caçar e assassinaram quatro desses. Ainda de acordo com o MPF, em retaliação, os indígenas mataram um dos garimpeiros.
Um mês depois, os garimpeiros invadiram uma área onde estavam integrantes da tribo e então mataram, a tiros e golpes de facão, 12 indígenas — um homem, duas idosas, uma mulher, três adolescentes, quatro crianças e um bebê —, registra a denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal sobre o caso.
Em outubro daquele ano, a Procuradoria denunciou 24 garimpeiros, sendo que apenas cinco estavam "plenamente identificados". A peça imputou ao grupo crimes de genocídio, associação para genocídio, garimpo ilegal, contrabando, ocultação de cadáver, crime de dano e formação de quadrilha.
Em dezembro de 1996, a Justiça Federal em Roraima condenou cinco pessoas, entre elas, Eliézio. O Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) chegou a acatar recurso dos réus, levando-os a júri por homicídio. No entanto, em 2000, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) restabeleceu a decisão de primeiro grau e o entendimento sobre o crime de genocídio. Em 2006, o Supremo Tribunal Federal (STF) ratificou tal decisão.