Após um ano e meio de investigação da 1ª Delegacia de Sapucaia do Sul, com apoio do Ministério Público (MP), a Polícia Civil realiza nesta terça-feira (19) uma grande operação com cerca de 1,3 mil agentes, em quatro Estados, contra lavagem de dinheiro de uma facção gaúcha que tem base no Vale do Sinos.
Até o final da manhã desta terça, a ofensiva havia cumprido 58 mandados de prisão — destes, 30 foram detidos nas ruas e 28 já estavam em presídios. Chamou atenção dos policiais que cumpriam os mandados o local onde os investigados guardavam dinheiro. Foi encontrado, escondido dentro de um urso de pelúcia, R$ 41 mil.
A ação — considerada a maior da história da instituição — conta também com o apoio de outras polícias, investiga cerca de 200 criminosos e visa apreender judicialmente um valor aproximado de R$ 50 milhões.
Ao todo, são 1.368 mandados judiciais. Somente de prisão são 66, sendo que alguns cumpridos dentro de 14 prisões — uma deles federal —, tendo como alvo líderes que comandavam crimes de dentro das cadeias.
A ofensiva ainda visa apreender 102 veículos e duas aeronaves, bem como 38 imóveis em várias cidades. A polícia também obteve do Judiciário 812 bloqueios fiscais, financeiros e ligados à bolsa de valores. Houve o sequestro judicial de 190 contas bancárias.
O responsável pela chamada Operação Kraken, delegado Gabriel Borges, diz que há ainda o cumprimento de 273 mandados de busca em 38 cidades do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul.
O objetivo básico, segundo Borges, é atacar as finanças de uma das maiores facções do Estado que está por trás do tráfico de armas e drogas, inclusive com o envio de entorpecentes por meio de drones para penitenciárias, mas também envolvida no roubo de carros e em assaltos. A organização também se envolveu na disputa com outro grupo, de Porto Alegre, que deixou 25 mortos em pouco mais de um mês.
Segundo a Polícia Civil, as apreensões são referentes a bens e valores adquiridos para ocultar diversos crimes cometidos por integrantes da facção em todo o Estado e em parte do sul do Brasil. Há latrocínios (roubo com morte) investigados. O grupo gaúcho, que atua como se fosse uma empresa, possui ligações nacionais e também internacionais com outras organizações.
Além da Polícia Civil, participam as polícias de SC, PR e MS, assim como Brigada Militar, Corpo de Bombeiros, Polícia Rodoviária Federal, Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) e Departamento Penitenciário Nacional (Depen).
— Esta é a maior operação deste tipo da história da Polícia Civil. Estamos em 34 cidades gaúchas cumprindo 1,3 mil ordens judiciais para descapitalizar o crime organizado. E nosso trabalho iniciou a partir de Sapucaia do Sul no final de 2020, já com o sequestro de R$ 10 milhões desta facção — explica o diretor da 2ª Delegacia Regional Metropolitana, delegado Mario Souza.
Para poder reunir todos os agentes de várias instituições e não chamar a atenção dos criminosos, a polícia usou a sede da Fiergs, na Capital. Um helicóptero também foi utilizado na operação.