Nos últimos dois anos, as polícias Civil e Militar do Rio Grande do Sul retiraram de circulação 19.052 armas de diferentes tipos no Estado. Após apreensão, o armamento passa por perícia e recebe destinação, definida pelo Poder Judiciário, de acordo com as características de cada caso. Das armas de cano longo do montante recolhido, 4.411 são espingardas, 450 são carabinas e 126 são fuzis. O levantamento leva em consideração o arsenal obtido entre 2020 e 2021.
Assunto considerado importante na Polícia Civil, os números sobre apreensão de armas são de controle mensal de departamentos da instituição, explica a chefe da corporação, delegada Nadine Anflor. Ela destaca que, mesmo no período de pandemia, a quantidade de armamento tirado das ruas vem se mantendo. Segundo a delegada, nos últimos anos, armas de cano longo passaram a ser recuperadas, destoando do que costumava ser visto:
— As apreensões acompanham as modificações das ruas. Há uns cinco, 10 anos, praticamente não apreendíamos equipamentos como fuzil, por exemplo. Pegávamos mais revólver e pistolas. Vemos que mudou o perfil de armas usadas por criminosos, as organizações vêm querendo utilizar armamentos mais pesados, tanto que as polícias também começaram a trabalhar nas ruas de forma diferenciada. Há essa necessidade de enfrentamento com o mesmo poderio de armas — comenta Nadine.
A chefe de polícia explica que, quando apreendidas, as armas normalmente vão direto para perícia. Ali, são analisadas as características dos equipamentos — se são de uso restrito ou se estão com numeração raspada, por exemplo. Em alguns casos, as que estão em melhores condições podem ser reparadas e integradas ao arsenal da polícia, desde que o processo seja autorizado pela Justiça. Em outros casos, mais raros, se for comprovado que a arma foi roubada, pode ser devolvida ao dono — neste caso, é preciso apresentar a documentação e que esteja em dia.
Enquanto as armas apreendidas pela Polícia Civil costumam ser obtidas em investigações, as recolhidas pela Brigada Militar normalmente são encontradas durante abordagens, em flagrante. Neste último caso, o armamento é levado pela BM até uma delegacia, para registro de ocorrência, e entregue à Polícia Civil.
Também foram apreendidas, pela Brigada Militar, 199.764 munições — 100.059 em 2020 e 99.705 em 2021. A reportagem solicitou os tipos de calibre apreendidos, mas não foram especificados. O sistema da Polícia Civil não faz contabilidade de munição apreendida, informou o governo do Estado, por meio de pedido via Lei de Acesso à Informação (LAI).
O comandante-geral da Brigada Militar, coronel Claudio dos Santos Feoli, também destaca a apreensão de armas de cano longo, que passaram a ser localizadas pelas equipes nos últimos anos. O coronel ressalta ainda a importância das abordagens feitas pelos PMs:
— Muitas vezes, as pessoas não gostam dessas abordagens cotidianas, mas são importantes para esse trabalho, nos ajudam a localizar armamentos e também contribuem para a redução nos índices de criminalidade.
Conforme Feoli, nos últimos anos, a Brigada Militar deixou de utilizar armamentos apreendidos nas ruas que integravam o arsenal da corporação no Estado. O comandante destaca a compra de novos equipamentos, por meio do programa Avançar na Segurança, do governo estadual, que irá proporcionar a substituição de armas das equipes.
— Temos como meta, sinalizada pelo governo, uma aquisição que fará com que todo o nosso arsenal de pistolas seja substituído. Todo o policial militar do RS terá pistola nova, de calibre 9 mm, na cintura — explica Feoli.
A aquisição está prevista para o final deste ano, segundo ele. Atualmente, as equipes utilizam pistolas .40. O principal benefício da troca é que o equipamento de calibre 9 mm propicia mais precisão no disparo, afirma o comandante.
Arsenal recolhido
- 19.052 armas de diferentes tipos
- Destas, 4.987 são de cano longo, sendo que:
- 4.411 são espingardas
- 450 são carabinas
- 126 são fuzis