A Polícia Federal (PF) e a Brigada Militar (BM) realizam uma operação na manhã desta terça-feira (29) no norte do Rio Grande do Sul para coibir ataques que já deixaram uma pessoa morta e duas feridas em reserva indígena de Planalto em novembro de 2021. Cerca de 50 agentes cumprem 12 mandados de busca na aldeia Pinhalzinho, no município, e ainda na aldeia Bananeiras, em Gramado dos Loureiros.
As ordens judiciais ocorrem também nas cidades de Nonoai e Rio dos Índios. Dois indígenas - já investigados pelos crimes - foram presos em flagrante por porte ilegal de arma de fogo. Além dos ataques em Planalto, houve outros com mortes em Ronda Alta, também no Norte, e, por isso, foi autorizado o emprego da Força Nacional de Segurança na região.
A chamada "Operação Guerra dos Tronos" foi deflagrada durante a manhã nos quatro municípios que compreendem reservas indígena de 16 mil hectares. Desde julho do ano passado, houve um conflito interno. Dissidentes da aldeia de Pinhalzinho formaram um novo grupo e elegeram um cacique, dando início a uma disputa por terras que levou a um homicídio em novembro. Quatro integrantes em um veículo passaram em frente a uma residência dentro da reserva - nas margens da RS-324, que liga Planalto a Nonoai - e atiraram contra pessoas que estavam no local. O índio Elizeu Pedroso, 23 anos, foi atingido no pescoço e morreu no hospital.
A morte gerou um bloqueio na RS-324 e novos ataques que deixaram duas pessoas feridas. Uma delas é um morador da cidade de Alpestre, na região, que trafegava pela rodovia e foi atingido por tiros quando tentava passar pela barreira. Um mês antes destes fatos, em outubro de 2021, dois caingangues foram mortos como vingança na reserva de Serrinha, situada entre Ronda Alta e Engenho Velho. Os crimes ocorreram após um atentado sofrido por um cacique na região e outros vários desentendimentos entre índios na região. O pano de fundo para as disputas é o controle da aldeia e, conforme investigações da PF, dos arrendamentos de terras agriculturáveis da área indígena.
Logo depois, destes dois fatos, o Ministério da Justiça autorizou o emprego da Força Nacional em apoio à PF nas investigações e no patrulhamento das reservas. Dois contingentes da tropa, formados por PMs de outros Estados, chegaram em outubro de 2021. O trabalho iniciou em Ronda Alta, mas se estendeu para Planalto devido aos confrontos ocorridos também na reserva de Pinhalzinho. Em fevereiro deste ano, o governo federal prorrogou por mais 60 dias a presença dos agentes federais na região. Eles devem permanecer até 23 de abril.