A bordo de um Voyage, em uma corrida contratada por aplicativo, Lucas Félix dos Santos, 29 anos, partiu de Gravataí, na Região Metropolitana, em direção a Porto Alegre, na última segunda-feira (21). Ingressou no bairro Sarandi, onde, após descer do carro, conversar com um homem e achar a situação suspeita, pediu ao motorista que deixassem o local. No entanto, antes que houvesse tempo de eles escaparem, foram interceptados por outro veículo. Santos acabou executado a tiros.
O caso, sob investigação da 3ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), aconteceu à luz do dia, pouco antes do meio-dia. Santos chegou inicialmente em um ponto do bairro, mas não havia ninguém no local informado. O passageiro fez contato por telefone e recebeu ordens para se deslocar por mais três quadras. No ponto de encontro, desembarcou e conversou com um homem, que lhe entregou uma quantia em dinheiro para que pagasse a corrida. Santos retorna até o carro e paga o motorista.
Nesse meio tempo, no entanto, teria sido avisado de que queriam que ele fosse junto com eles. Havia um veículo estacionado próximo. Foi nesse momento que Santos retornou para dentro do Voyage e disse ao motorista de app:
— Acho que isso é fria. Vamos embora daqui — disse.
O condutor fez o retorno, e logo depois dobrou à esquerda, e ingressou na Rua Luiz de Campos. O veículo andou cerca de duas quadras até ser alcançado por um Uno prata. Assim que foram interceptados, o carona desembarcou com arma em punho e disparou na direção do capô do Voyage. O passageiro saltou pela porta traseira direita e começou a correr no meio da rua, perseguido pelo atirador. A vítima escorregou no meio da rua e logo à frente foi alcançada. O criminoso disparou repetidas vezes com uma pistola de calibre 9 milímetros.
— Ele vai até a vítima, mexe nos bolsos, pega celular. Dá um chute e um último tiro e vai embora — detalha o delegado Luis Firmino, titular da 3ªDHPP.
Assim que Santos tombou, o atirador ainda revirou seus bolsos em busca do aparelho celular, que foi levado. Desferiu mais um disparo contra a vítima – foram 11 tiros no total. Na sequência retornou até o Voyage, e ingressou pela porta traseira aberta. Ali, pegou uma mochila que pertencia ao passageiro e retornou para o Uno, em fuga. O motorista de aplicativo, que também escapa correndo em outra direção assim que o atirador se aproxima, não chegou a se ferir na ação.
A investigação ainda busca descobrir o que havia na mochila que era de interesse dos criminosos. Mas a principal suspeita é de que o crime esteja vinculado ao tráfico de drogas. Santos, que acabou morto, já havia sido preso por esse tipo de crime anteriormente, em Gravataí. Segundo a polícia, havia deixado a prisão em setembro de 2021.
A polícia obteve imagens de câmeras que captaram tanto o momento em que o veículo é interceptado, como a perseguição à vítima no meio da rua. Os policiais seguem em busca de mais pistas sobre os envolvidos no crime. No Uno, havia pelo menos mais um criminoso, que foi o responsável por dirigir o veículo. O motorista de app já foi ouvido pela investigação. Até agora, ninguém foi preso pelo homicídio.
Outra execução na Zona Norte
Pouco mais de 12 horas após o assassinato de Santos, outro homem foi morto a tiros também na zona norte da Capital. No início da madrugada de terça-feira (22), o motociclista foi encontrado morto a tiros na Rua Ana Aurora do Amaral Lisboa, perto da escola Municipal de Ensino Fundamental Presidente Vargas, no bairro Passo das Pedras. A vítima, que tinha dois disparos na cabeça, estava sem celular ou documento de identificação.
Chegou a ser cogitada a hipótese de roubo com morte (latrocínio). No entanto, o fato de o alvo ter sido assassinado com dois tiros na cabeça e de a motocicleta dele ter ficado no local tornam essa possibilidade mais remota. O caso é investigado pela 5ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
Segundo o titular da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), delegado Eibert Moreira Neto, ainda que os crimes tenham acontecido na mesma região – a cerca de quatro quilômetros de distância, não há até o momento evidências de que haja ligação entre os casos.
— A princípio não podemos confirmar vinculação ainda. Nada que nos aponte essa linha de investigação — afirma.
Contribua
Informações sobre os casos, podem ser repassadas à Polícia Civil, inclusive de forma anônima, pelos telefones 197 ou (51) 98444-0606.