A Polícia Civil instaurou inquérito nesta semana para investigar uma loja de Gravataí, que vendia na internet, produtos de apologia ao nazismo. Depois de registro do fato feito semana passada por ativistas antinazistas na Delegacia de Combate à Intolerância, na Capital, o caso foi encaminhado para a 1ª DP da cidade. O site Mercado Livre também retirou os anúncios, após a denúncia, e proibiu o responsável de ofertar materiais na plataforma de vendas online.
O delegado Maurício Arruda, titular da 1ª Delegacia, ressalta que a investigação iniciou nesta terça-feira (22) e o prazo de conclusão é de 30 dias. O primeiro passo será ouvir o vereador Leonel Radde (PT) de Porto Alegre, responsável pelo boletim de ocorrência, além de testemunhas e o proprietário da loja. Enquanto o procedimento não for finalizado, Arruda não irá divulgar o nome do estabelecimento comercial, bem como o nome do investigado. Ele também solicitou cópias do anúncio ao Mercado Livre.
O site, por meio de nota à imprensa, informou que retirou os anúncios e notificou o suspeito sobre a proibição de novas ofertas de produtos. Tão logo soube do fato e da denúncia encaminhada por Radde, a plataforma de vendas pela internet ressaltou que proíbe qualquer material que prega a violência e a discriminação, como por exemplo, itens informativos, relacionados ou que fazem apologia direta ao nazismo.
O Mercado Livre reforçou que tem convênio com a organização World Jewish Congress para agir de forma efetiva no combate no combate a práticas criminosas como esta que está sendo investigada pela polícia gaúcha. Os produtos são impedidos de serem anunciados nos 18 países em que a plataforma opera.
Apologia
Conforme o inquérito policial e a denúncia de Radde, os itens vendidos pela loja de Gravataí faziam apologia ao nazismo. O estabelecimento oferecia símbolos usados pelos nazistas na Segunda Guerra Mundial. Eles são feitos de tecido e podem ser bordados em roupas. Entre os itens, um brasão da Cruz de Ferro - condecoração militar do Reino da Prússia e que foi utilizada pelo exército alemão no Terceiro Reich - contendo dentro uma caveira e ainda o símbolo da SS “Schutzstaffel”, a organização paramilitar do Partido Nazista.
O delegado Arruda informa que o proprietário do estabelecimento comercial de Gravataí responde pelo delito de praticar, induzir ou incitar a discriminação e o preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. Conforme o artigo 20 do Código Penal, a punição estipulada, no caso de condenação, é de um a três anos de prisão, mais multa.
O vereador Radde denuncia casos de neonazismo desde 2015 e foi responsável pelos dossiês neonazistas, sobre cerca de 40 gaúchos investigados pela polícia por integrar grupo extremista na deep web, o lado obscuro da internet por não ter qualquer tipo de regulamentação. O chamado “Elite Intelectual” foi palco de ameaças ao próprio parlamentar gaúcho e outros políticos de esquerda, além de policiais, ativistas antinazistas e ao ator da Globo Douglas Silva, integrante do BBB 22.
O fórum com adeptos neonazistas também foi usado para planos com ameaças a escolas, conforme alerta do governo dos Estados Unidos, e da execução de um papagaio em 2020, em Goiânia, em Goiás, e de um cachorro no ano passado, em Lindolfo Collor, no Vale do Sinos. Radde e demais ativistas antinazistas estão checando informações para auxiliar a polícia sobre o possível envolvimento do dono da loja investigado com este grupo extremista na deep web. Por enquanto, esta suposta ligação está sendo apenas apurada.