Um dos primeiros desafios da Polícia Civil para identificar quem está por trás dos novos ataques a motoristas no acesso a Porto Alegre é localizar as vítimas. Embora, na noite de quarta-feira (5), a Polícia Rodoviária Federal (PRF) tenha recebido série de ligações informando que carros estavam sendo alvo de pedradas, somente um condutor registrou o fato. Em 12 de junho do ano passado, uma passageira morreu após ser atingida por paralelepípedo num episódio semelhante na mesma região.
O ataque que chegou ao conhecimento da polícia na noite passada é o caso do motorista de um Gol, que estaria retornando do trabalho. Assim como os demais, por volta das 22h, ele trafegava pela Avenida Castello Branco, quando teve o automóvel atingido por uma pedrada.
— Houve dano no veículo, o motorista ficou obviamente assustado com fato, mas não parou, seguiu adiante. Depois, registrou o fato no plantão da 2ª Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA). O que temos em princípio é que teriam sido outros seis veículos atingidos. Mas não temos registro de ocorrência. As pessoas seguiram adiante. Estamos tentando buscar mais informações sobre esses condutores — afirma o delegado Cristiano Alvarez, diretor substituto do Departamento de Polícia Metropolitana.
Um dos apelos da polícia é para que aqueles motoristas que foram alvo desses ataques registrem os fatos. É possível fazer isso diretamente em uma DP ou pela Delegacia Online da Polícia Civil. O caso registrado é investigado atualmente pela 4ª Delegacia de Polícia.
— Em princípio, se qualificaria como crime de dano, pelo veículo. Mas como também houve outros casos no mesmo local, faz com que gere esse alerta para as polícias. O registro de ocorrência sempre é fundamental. Não só para elucidar o caso, mas também para que as polícias reforcem a atuação no local necessário — diz o delegado Alvarez.
Desde a noite de quarta-feira, a PRF intensificou as rondas que já eram realizadas na região. Assim que foram informados dos ataques, tanto a PRF, como a Brigada Militar passaram a fazer buscas no entorno, no entanto, nenhum suspeito foi encontrado.
Embora o motorista não tenha precisado o local no qual foi atingido, a suspeita é de que os fatos tenham se dado junto à antiga ponte do Guaíba. Entre os veículos que foram alvo dos ataques, estariam uma ambulância e um ônibus, de acordo com os telefonemas.
— Nenhum dos que ligou conseguiu dar exatidão do local porque de noite as pessoas não conseguem identificar facilmente. Pelas ligações, concluímos que mais veículos foram atingidos, mas não houve registro desses demais — afirma o chefe de comunicação da PRF, Felipe Barth.
A Polícia Civil diz que uma das possibilidades para tentar identificar os responsáveis pelos ataques é a análise de câmeras de vigilância. A concessionária CCR ViaSul informou que em seu trecho de responsabilidade nenhuma imagem de ataque foi registrada na noite de quarta-feira. Também há no trecho câmeras da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC). Segundo a PRF, as imagens ainda estão sob análise.
Embora até agora não se tenha relatos de feridos na noite de quarta-feira, no ano passado o arremesso de pedras resultou na morte de uma passageira, no mês de junho. Munike Fernandes Krischke, 45 anos, não resistiu após ser atingida por um paralelepípedo. No momento do crime, ela e o marido seguiam para um restaurante, onde pretendiam comemorar o Dia dos Namorados.
Uma das suspeitas é de que os criminosos tentavam parar o veículo para cometer um assalto. O caso segue sob investigação da 2ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Capital. Desde que houve esse fato no ano passado, já foram presas em flagrante nove pessoas por suspeita de arremessarem pedras nos veículos, segundo a PRF. Também foram detidos quatro foragidos, que circulavam pela região ou nas proximidades.
A CCR ViaSul informou que desde o ano passado participou de duas reuniões virtuais com o Ministério Público Federal, na qual recebeu recomendações de medidas que deveriam ser adotadas no trecho. Entre elas, manter a inspeção da rodovia, com a circulação das viaturas de inspeção de tráfego a cada 90 minutos, instalar câmeras de monitoramento e placas informando “rodovia monitorada por câmeras”, além de manter o funcionamento da iluminação. A concessionária informou que todas as medidas foram cumpridas e que a instalação de câmeras já estava prevista em contrato e em execução.
O que fazer?
Caso seja vítima desse tipo de crime, a orientação é tentar comunicar o fato o mais rápido possível para as polícias. É possível entrar em contato com a PRF, pelo 191, com a Brigada Militar, pelo 190, e com o Comando Rodoviário da BM, pelo 198. Também se deve registrar o fato, o que pode ser feito tanto em uma delegacia mais próxima, como pela Delegacia Online.