Há 55 dias, a Polícia Civil tenta descobrir quem está por trás do ataque a um veículo, que resultou na morte de Munike Fernandes Krischke, 45 anos. Ela seguia de carona com o marido, para comemorar o Dia dos Namorados. Até agora, sem testemunhas ou imagens de câmeras, a investigação não conseguiu desvendar quem arremessou um paralelepípedo contra o carro, atingindo a passageira, que não resistiu. O que era para ser uma noite romântica se transformou em tragédia para a família de Porto Alegre.
À frente da investigação, a titular da 2ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa da Capital, delegada Roberta Bertoldo diz que a maior dificuldade do caso se dá por conta da falta de testemunhas. O caso aconteceu durante a noite, no percurso entre a BR-290 e a Avenida Castelo Branco, enquanto o casal seguia da Zona Norte para a Zona Sul, onde a mesa de um restaurante já estava preparada com fotos dos dois.
— Infelizmente, ainda não temos suspeito, mas seguimos com a investigação e vamos insistir para resolver este caso. O mais dificultoso é de que não temos testemunhas. O marido não parou, ele seguiu trafegando para salvar a esposa, e não avistou ninguém. As outras pessoas que tiveram os veículos apedrejados, também não viram ninguém — diz a delegada.
Neste contexto, a principal aposta da polícia é tentar obter alguma informação nas proximidades de onde aconteceu o fato ou de forma anônima. Moradores do entorno foram ouvidos, na tentativa de encontrar algum suspeito.
— Durante as ações da Polícia Civil, Brigada Militar e Polícia Rodoviária Federal, foram realizadas diligências em toda a região, onde identificaram pessoas que moram ali, para saber se tinham conhecimento de alguma coisa — afirma a delegada.
Confira alguns pontos sobre o caso:
Onde aconteceu o ataque?
A polícia retornou à rodovia, acompanhada do marido de Munike, Alex Von Zeidler Ramos, 40 anos, que conduzia o veículo. A partir do depoimento dele, do relato de outros condutores, que também dizem terem sido atacados, e da análise do local, concluiu que o local exato do fato foi na alça de acesso à ponte antiga do Guaíba.
Qual a motivação do crime?
A Polícia Civil acredita que criminosos tenham arremessado o paralelepípedo com intuito de parar o carro e cometer um assalto. No entanto, a delegada não descarta outras possibilidades que tenham motivado o crime.
— O assalto é uma principal linha diante das circunstâncias. No entanto, não podemos descartar que alguém pudesse jogar por vandalismo — afirma Roberta.
Quem foi ouvido até o momento?
Além do marido, que conduzia o carro, a polícia ouviu familiares dos dois e motoristas que relatam terem sido alvo do mesmo tipo de ataque naquela noite. Pelo menos dois condutores dizem terem sido atacados em horários aproximados ao do casal. Os policiais também buscaram nas proximidades do local moradores que possam ter visto algo suspeito.
Foram obtidas imagens de câmeras?
A polícia verificou as câmeras próximas do local, no entanto, nenhuma delas registrou o momento do ataque. Como o equipamento gira automaticamente, na hora do fato, ele não se concentrou no ponto onde houve o apedrejamento. No entanto, a delegada explica que, ainda que houvesse esse vídeo poderia ser difícil esclarecer autoria, em razão de outros fatores.
— Nos ajudaria a entender quantas pessoas participaram da ação, por exemplo. Se foi um grupo. Mas, como era horário noturno, não posso afirmar que se houvesse câmera gravando naquele momento, naquela direção, o crime estaria esclarecido — afirma.
Atualmente, a rodovia tem 10 câmeras funcionando, conforme informações da CCR ViaSul.
O que as perícias indicaram?
A polícia ainda aguarda o recebimento do laudo de necropsia da vítima. Segundo o Instituto-Geral de Perícias (IGP), a necropsia está em fase de revisão. Chaves michas – usadas para abrir veículos — apreendidas na ponte também foram encaminhadas para perícia, passaram por análise da papiloscopia e o resultado foi negativo para impressões digitais. Houve ainda tentativa de extração de DNA, mas o resultado também foi negativo.
Foi encontrado algum vestígio na pedra?
Não. Segundo a delegada, a perícia esclareceu que nesse tipo de superfície não é possível identificar impressões digitais. O paralelepípedo jogado contra o carro pesava cerca de sete quilos. No entorno de onde aconteceu o ataque, outras pedras semelhantes foram encontradas.
Por qual tipo de crime deve responder o autor?
Embora haja suspeita de que possa ter acontecido uma tentativa de roubo, o crime é investigado como homicídio qualificado.
Como denunciar?
Informações que ajudem a esclarecer o caso podem ser repassadas à Polícia Civil pelo telefone 0800-642-0121 e (51) 3288-2425.