No intuito de trazer mais segurança para passageiros do transporte público em Porto Alegre, a Guarda Municipal intensificou a presença em terminais de ônibus nos horários de pico durante a temporada de verão deste ano. A ação foi iniciada no começo do mês e segue até o dia 28 de fevereiro.
Intitulada Estações, a operação da Secretaria Municipal de Segurança ocorre em dois horários: durante as primeiras horas da manhã, das 5h30min às 8h, e no início da noite, entre 19h e 20h. Nesses períodos, a Guarda Municipal realiza atividades de prevenção e patrulha, com o emprego da Ronda Ostensiva Municipal (Romu) em torno de pontos de ônibus. Antes, as equipes circulavam pelas ruas e avenidas. Agora, as viaturas ficam posicionadas perto dos terminais durante os horários estabelecidos.
A ação ocorre no terminal do Centro Histórico, Triângulo Assis Brasil, Restinga, Lomba do Pinheiro, Antônio de Carvalho, 24 de Outubro e Avenida Goethe.
De acordo com o comandante da Guarda Municipal, Marcelo Nascimento, a ação é feita na época do ano em que a cidade fica mais vazia, já que parte dos moradores da Capital se desloca para temporadas na praia. Já os horários foram escolhidos por serem os de maior movimento no transporte público. Neste modelo, é a primeira vez que a operação é feita.
— O município tem um papel muito importante dentro da área de segurança pública, que é a prevenção. Neste contexto, procuramos, dentro das atribuições, contribuir cada vez mais com a segurança do cidadão de Porto Alegre, integrando com as outras instituições de segurança e aumentando a atividade operacional da Guarda Municipal.
Para Maria dos Santos Simão, 60 anos, a ação é positiva e os horários contemplam os períodos "mais complicados" para quem aguarda pelos coletivos. A usuária utiliza o transporte ao menos três vezes na semana, geralmente no deslocamento entre o centro e o bairro Rubem Berta, na zona norte.
— A gente sente que todo horário é perigoso, fica sempre cuidando. Eu, por exemplo, não mexo no celular, fica olhando para todos os lados. Mas o período antes das 9h e depois das 17h30min realmente é o mais complicado, quando a cidade está com menos gente circulando, ainda mais agora em época de veraneio — diz Maria.
O período do final da tarde é também o mais perigoso na avaliação de Cleonise Marques Machado, 42, que utiliza os coletivos ao menos duas vezes por semana, entre o centro e o bairro Jardim Planalto.
— É quando tem mais aglomeração nos terminais, a gente fica cuidando bolsos, bolsa. Também começa a escurecer e aumenta a sensação de estar exposto — comenta Cleonise.
Roubo a transporte coletivo teve queda, diz Estado
Conforme dados do governo do Estado, o número de roubos no transporte coletivo registra queda nos últimos anos. No indicador que considera os delitos contra passageiros e motoristas de ônibus e lotações, o RS teve 76 casos em novembro do ano passado, quatro a menos que os 80 do mesmo mês em 2020, uma queda de 5%. De janeiro a novembro de 2021, houve 1.080 ocorrências, o que representa baixa de 15,3% contra as 1.275 do mesmo período em 2020. Os dados foram divulgados pela Secretaria da Segurança Pública do RS — os números de dezembro devem ser divulgados nos próximos dias pela pasta.
Conforme a Polícia Civil, um dos motivos que explica a queda nos roubos a coletivos na Capital é a criação da delegacia de Polícia Especializada de Repressão a Roubos em Transporte Coletivo (DRTC), inaugurada em 2019, em Porto Alegre. Antes, o trabalho era feito pelo grupo como força-tarefa, criada em 2016.
Segundo dados passados pela delegacia, em dezembro de 2016, foram registrados 127 roubos no transporte coletivo da Capital. Em 2020, o total de registros no mesmo mês foi de 39. Em 2021, uma nova queda foi observada, com 18 ataques em ônibus no mesmo mês. Ou seja, de dezembro de 2020 para 2021, a redução foi de 53% neste tipo de crime em Porto Alegre.
Outros fatores são a instalação de câmeras dentro de coletivos e nas ruas e o bom contato com empresas de ônibus na Capital, que ajudam no repasse de informações sobre crimes, segundo a delegada Ana Caruso, que responde temporariamente pela DRTC.
— Tanto os assaltos a lotações quanto a ônibus caíram muito nos últimos anos. Nós víamos vários por dia antes e hoje passamos semanas sem registrar delitos do tipo. É todo um trabalho feito, que começou há anos, e hoje estamos colhemos os frutos — afirma a delegada.