A Polícia Civil de Cidreira investiga o caso de uma idosa que acordou após ser dada como morta em uma unidade de saúde da cidade em 31 de dezembro. Segundo familiares, Clotilde Rieck, 78 anos, sofreu duas paradas cardiorrespiratórias e foi imediatamente entubada e levada para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Posto 24h Eva Dias de Melo. Instantes depois, uma equipe médica comunicou que ela havia morrido. No entanto, ao fazerem a retirada do corpo, agentes de uma funerária local constataram que ela apresentava sinais de vida.
Conforme o delegado Rodrigo Nunes, as pessoas envolvidas no caso já foram convocadas a comparecer à delegacia. Os primeiros depoimentos devem ocorrer nesta terça-feira (10). No momento a única investigada é a médica clínica geral que coordenou o atendimento. No entanto, haveria outros dois profissionais na equipe. Eles ainda não foram incluídos no inquérito por não constarem na ocorrência enviada à polícia.
Agentes já solicitaram o laudo médico, que será essencial para compreender se a conduta foi criminosa. O delegado explica que, caso for identificado o ato de negligência, os investigados podem responder pelo crime de periclitação, quando se coloca a vida de alguém em risco. A pena para esse delito é de até um ano de prisão.
— Quando recebermos o laudo, vamos encaminhar para a perícia, que vai analisar tecnicamente o que aconteceu. Não é possível enquadrarmos como tentativa de homicídio, pois está claro, até o momento, que não houve a intenção de matar —afirma.
Paralelamente, a prefeitura abriu um procedimento administrativo para apurar o caso. O Executivo afirma que solicitou que a médica fosse afastada de seus serviços no município do Litoral Norte.
No entanto, a defesa da médica nega o afastamento. Segundo o advogado Ulian Loose, as acusações da família são falsas, pois não houve erro médico. Ele afirma que ainda não recebeu qualquer notificação de inquérito policial.
Clotilde foi levada em coma para a Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre. Ela acordou na última sexta-feira (7) e seu estado de saúde é estável. Conforme a sobrinha-neta Bianca Schneider, Clotilde já está recebendo visitas, mas ainda não há previsão para alta.
— Ela ainda está com alguns problemas de memória, mas, quando lembra da história, chega a questionar se realmente é verdade o que aconteceu. Chega a brincar com a gente quando lê as reportagens — comenta Bianca.