Dada como morta por três médicos, uma idosa de 78 anos foi encontrada viva momentos antes de ser removida do Posto 24h Eva Dias de Melo, de Cidreira, para uma funerária local. Clotilde Rieck chegou à unidade de saúde na manhã do dia 30 de dezembro após apresentar sinais de convulsão.
Conforme a sobrinha, Magda Maria Rieck, 50 anos, no dia seguinte, a idosa sofreu duas paradas cardiorrespiratórias e foi imediatamente intubada e levada para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Instantes depois, uma equipe médica comunicou que ela havia morrido.
A família, então, foi ao cartório registrar o óbito e estava escolhendo o caixão quando recebeu a ligação de um funcionário da funerária contratada para recolher o corpo no posto de saúde.
— Ele contou que quando chegou no local, viu minha tia com um olho aberto e um braço levantado, como se estivesse pedindo socorro — conta Franciane Rieck da Silva, 26 anos, filha de Magda e sobrinha-neta de Clotilde.
No mesmo dia, a idosa foi encaminhada ao Hospital Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, onde permaneceu na UTI até a quinta-feira (6), quando foi levada para o quarto. Não há previsão de alta.
— Agora ela está bem, acordou perguntando o que estava fazendo no hospital, mas ainda não contamos o que aconteceu — diz Franciane.
No posto de saúde, Clotilde foi atendida por uma equipe de três médicos, entre eles, a clínica-geral Anne Leticia de Oliveira Ferreira. A profissional assegura que a paciente ficou sem sinais vitais por 40 minutos e teria sofrido choque séptico, uma infecção generalizada que causa falência de órgãos.
— Testifiquei que tinha ausência de sinais vitais e a minha equipe também testificou. Isso foi umas 10h. Lá pelas 13h40, notou-se que a paciente estava respirando. Então, fizemos todos os procedimentos, desde a medicação até a intubação para preservá-la. É muito curioso tudo isso.
A família registrou boletim de ocorrência, e o caso está sendo investigado pela Polícia Civil e também pela direção-geral do hospital. Conforme a ex-chefe de gabinete da prefeitura de Cidreira, Irene Mendes, a casa de saúde abriu um procedimento administrativo para apurar a conduta da equipe médica.