Os dois policiais militares envolvidos em uma troca e tiros no final da tarde de segunda-feira (1) no bairro Sarandi, em Porto Alegre, eram amigos. Um PM de 34 anos foi preso em flagrante por atirar e matar o colega, também PM, Lucas Oliveira, 37, em frente a uma loja na Avenida 21 de Abril, na Zona Norte.
O policial preso, que não teve o nome divulgado, é de Bagé, ingressou na BM em 2012 e estava em Porto Alegre visitando amigos. Após disparar contra o colega, foi encaminhado ao Batalhão de Polícia de Guarda, na Capital. Já Lucas é de Santana da Boa Vista, onde será sepultado no cemitério municipal.
Na tropa desde novembro de 2007, Lucas era lotado no 20º Batalhão de Polícia Militar (BPM), em Porto Alegre, mas estava atualmente afastado das atividades, com processo aberto no Conselho de Disciplina para analisar a exclusão da corporação. Conforme a BM, ele respondia a investigação por tráfico de drogas e já havia sido preso pela Corregedoria da corporação.
A ação aconteceu por volta das 18h30min, quando os dois policiais conversavam em frente a uma loja, junto a um veículo e foram abordados por uma dupla de criminosos, que se aproximou deles com arma em punho. Os policiais não estavam em serviço.
Quando se inicia a troca de tiros, um PM vai para trás do veículo e Lucas, para frente, e acontece a troca disparos com os criminosos, que saem correndo. Lucas então vai para trás do carro ver o colega e é atingido por ele com um tiro na cabeça.
A Polícia Civil, que não se manifestou sobre o crime nesta terça-feira (2), investiga o caso para entender se foi uma falha do PM que atirou ou houve intenção no disparo.
— Até o momento, temos informações variadas e o que aconteceu é a investigação que vai apontar. Eles eram amigos. É prematuro dizer, mas as imagens denotam que pode ter sido culposo (quando não há intenção). Em situações como essa, onde o policial é submetido a troca de tiros, ao combate real, pode ter acontecido o que chamamos de visão de túnel, devido à quantidade de adrenalina e estresse, ele perde a visão periférica — avalia o comandante-geral da BM, coronel Vanius Santarosa.
Dentro da corporação, um inquérito policial militar (IPM) também vai apurar as circunstâncias da morte do soldado Lucas. O veículo tem série de marcas de tiros e foi encaminhado para perícia.
— A Polícia Civil vai apurar o fato como um todo, tentar identificar os dois homens que chegaram ali. O IPM vai se ater única e exclusivamente à morte do policial — afirma o comandante-geral.
Os advogados David Leal e Raiza Hoffmeister, que defendem o PM, divulgaram uma nota no final da tarde desta terça-feira (2): "Nosso cliente e sua família lamentam profundamente o falecimento do colega de farda. O caso é extremamente complexo. Dois indivíduos se aproximam dos dois policiais, que são amigos há anos, e logo começa o tiroteio. Ao que parece, os criminosos que chegaram disparando queriam executar os policiais. Ainda é muito cedo para qualquer conclusão. Temos de aguardar as investigações".