Manter viva a memória de Cristiane da Costa dos Santos, 20 anos, não apenas nas lembranças de familiares e amigos é um dos objetivos de pedido feito à prefeitura de Porto Alegre. A família da jovem, assassinada durante assalto na Avenida Chuí, na Zona Sul, quer a construção de um memorial junto ao local onde aconteceu o crime. Funcionária de uma loja do BarraShoppingSul, ela aguardava para embarcar em um ônibus, quando foi alvejada no peito. O caso completa um mês neste sábado (23).
O pedido foi levado pelo tio de Cristiane, Ulisses Oviedo da Costa, 61 anos, à primeira-dama de Porto Alegre, Valéria Leopoldino. A intenção, segundo o familiar, é marcar no local a memória da jovem. Cristiane, que ajudava a cuidar da mãe, no bairro Tristeza, onde morava, estava no primeiro emprego, juntando dinheiro para conseguir retomar os estudos. Ela foi baleada no momento em que aguardava o ônibus para voltar para casa.
– É um trabalhador que pereceu, uma pessoa da comunidade. Uma alma generosa, que perdeu a vida por uma banalidade. Uma coisa muito triste para todos, família, amigos, colegas de trabalho, de aula. O sentimento da perda de um jovem afeta todo mundo. Pela idade, por ser uma pessoa que estava lutando pela vida, pela família dela. Não vamos deixar morrer a ideia da Cristiane. A luta dela, pela família, vai continuar o legado – diz o tio.
A primeira-dama informou que no momento está sendo realizado estudo para avaliar a viabilidade da execução de um memorial naquele local. A intenção da família é de que seja implantada alguma pedra, com o nome da jovem e uma homenagem. Mas a definição sobre o que pode ou não ser construído naquele ponto depende dessa análise inicial.
– Conhecemos essa amada família. Que o estudo para viabilização do memorial possa se concretizar. As palavras somem nessa hora e reitero todo nosso respeito, carinho e consideração aos nossos amigos – afirmou a primeira-dama, Valéria Leopoldino.
“Estava feliz no trabalho", conta tia
Uma jovem tímida, carinhosa e cheia de sonhos. É assim que Tânia Maria Oviedo Bueno, 57 anos, recorda da sobrinha. Na noite do crime foi ela quem teve de ir até a casa da irmã e contar o que havia acontecido. A mãe de Cristiane já estava desconfiada porque a filha não costumava se atrasar. Havia preparado o jantar e aguardava por ela, que não chegava nunca.
– Estamos tentando levar da melhor maneira. Vamos lá, dar apoio. Mas é uma coisa que não passa, e não vai passar tão cedo. É um choque, uma guria com 20 anos. Cheia de projetos de vida, de sonhos. Estava feliz com o trabalho. Queria fazer carteira de motorista, não deu tempo – relata a tia.
Há seis anos, Tânia também perdeu uma filha, aos 22 anos, vítima de acidente de trânsito. O episódio com a sobrinha faz a família reviver a dor que havia passado. Diariamente, a tia costumava mandar “bom dia” para Cristiane e as duas se falavam ao telefone com frequência. Desde que a mãe de Tânia faleceu há cerca de dois anos, estavam ainda mais próximas. Cristiane cresceu na casa da avó, no bairro Tristeza, onde vivia até então, com a mãe, que tem problemas de saúde. O pai da garota faleceu quando ela ainda era criança.
– A Cristiane andava com a avó para tudo que é lado. Eram muito apegadas. Depois que a avó morreu, ela era quem cuidava da mãe. É muito triste tudo isso. Reviver essa tragédia. E por nada. Não levaram nada da guria. A gente sai na rua com medo. Tenho saído com medo. Fica um trauma. Era uma menina tímida, querida. Espero que esses criminosos, que fizeram isso com ela, fiquem lá e não saiam tão cedo – diz a tia.
Três presos
A apuração sobre a morte de Cristiane resultou na prisão de três suspeitos de envolvimento no crime. A primeira a ser detida foi uma mulher, suspeita de ter transportado os autores do assalto até as proximidades do local do crime. O Fiesta foi utilizado para os criminosos chegarem na parada, e, após dispararem contra a jovem, fugirem do local. Com a mulher, foi apreendido celular que mostra troca de mensagens com outro suspeito sobre o latrocínio.
Em 7 de outubro, um dos suspeitos do crime foi preso por policiais do 20º Batalhão de Polícia Militar (BPM), quando caminhava na Rua 24 de Agosto, no bairro Sarandi, zona norte de Porto Alegre. No dia 12 de outubro, o terceiro suspeito de envolvimento no crime foi capturado pela Brigada em São Nicolau, no noroeste do RS. Os três, que eram moradores do Campo da Tuca, na Capital, estão com prisão temporária decretada pela Justiça. A polícia pretende concluir o caso até o fim deste mês.