A Polícia Civil deu por concluído nesta segunda-feira (4) o inquérito que investigava tortura e maus-tratos de um menino de seis anos em Canoas, na Região Metropolitana. A mãe dele, de 28 anos, foi indiciada por tortura qualificada por se tratar do próprio filho e pela persistência do crime, que durou pelo menos quatro meses.
— Os fatos que investigamos são tão ultrajantes, tão avessos a ideia de um lar e de uma mãe que a polícia é forçada a provar cada detalhe da prática do crime, porque, do contrário, ninguém vai acreditar — relata o titular da Delegacia da Criança e do Adolescente de Canoas, Pablo Rocha.
A investigação começou depois que o Conselho Tutelar foi acionado por meio de uma denúncia anônima sobre maus-tratos.
O delegado espera, nos próximos dias, que o Ministério Público confirme a conclusão do inquérito e denuncie a mulher à Justiça — que então decidirá se ela se tornará ré pelo crime.
O namorado dela, de 24 anos, também foi investigado, já que a mãe do garoto chegou a apontá-lo como autor das torturas. Entretanto, de acordo com a investigação, a mulher era quem aplicava os castigos no menino e mentiu sobre a participação do companheiro, que colaborou com a investigação, cedendo evidências para os policiais, como trocas de mensagens por WhatsApp. Nelas, a mulher chegou a planejar uma forma de abandonar a criança. "Vou levar ele no hospital e dizer que está mal, com diarreia e vômito. Aí ele vai ficar para fazer soro, vou dizer que vou na rua comprar algo para comer e vou abandonar ele lá", escreveu.
Vizinhos e outros familiares também foram ouvidos. A apuração confirmou que a criança ficava por horas amarrada em uma cama, tinha as mãos queimadas à força no fogão, sendo também dopada com medicamentos de uso controlado.
A mãe e o namorado estão presos desde 18 de agosto — ela está no Presídio Estadual Feminino de Guaíba. O homem, entretanto, deverá ser liberado pela Justiça nos próximos dias.
O menino foi retirado da convivência dos presos e enviado para a casa de familiares. Os nomes dos presos não estão sendo divulgados em respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), para preservar a identidade da vítima.
— Pelo que a criança passava, temos convicção de que a morte dela seria uma questão de tempo. Felizmente, conseguimos interromper a tortura pela qual ela passava — conclui o delegado.