A investigação da Polícia Civil sobre a morte de um taxista durante assalto na zona sul de Porto Alegre levou até o nome de um suspeito, que é procurado no momento. Vítima do latrocínio (roubo com morte), o motorista Gilberto Bof, 72 anos, foi assassinado com dois tiros na cabeça, quando atendia a uma corrida, no bairro Cavalhada. O crime completa um mês nesta quarta-feira (13).
À frente da investigação, a responsável pela 13ª Delegacia de Polícia, delegada Vivian do Nascimento, afirma que a apuração enfrentou dificuldades, como o fato de o crime ter acontecido durante a noite, em um dia de chuva e com poucas testemunhas. Nas últimas semanas, os policiais se debruçaram sobre imagens de câmeras de segurança para tentar refazer a rota do taxista e realizaram diligências no local do crime e no ponto onde o carro foi abandonado, no bairro Santa Teresa.
Os investigadores chegaram ao nome de um suspeito, que teve prisão temporária decretada. Segundo a delegada, o homem possui histórico por outros crimes, mas não tem passagem por roubo com morte. A apuração e as buscas pelo investigado contam com o apoio de outras delegacias da zona sul da Capital e também da Brigada Militar. O nome do suspeito não é divulgado, para não atrapalhar o andamento do caso. A polícia acredita que o criminoso tenha agido sozinho durante o roubo.
— Conseguimos avançar de forma significativa em uma investigação bastante difícil. Faltam poucos detalhes para o encerramento — afirma a delegada.
A polícia já recebeu o retorno de sete análises do Instituto-Geral de Perícias (IG) e aguarda a resposta de mais sete, incluindo a necropsia e a de balística. A vítima teria sido atingida por dois disparos de arma de fogo na cabeça e a suspeita é de que tenha sido usado arma de calibre 32 — o que deve ser confirmado pela análise pericial. Somente um projetil foi encontrado no local do crime.
Uma das dúvidas que ainda não foi esclarecida pela investigação é o local onde o criminoso embarcou, já que o motorista não trabalhava num ponto fixo. A suspeita é de que ele tenha entrado no táxi como passageiro e depois tenha anunciado o assalto. Uma das testemunhas ouvidas relatou que o bandido teria empurrado o taxista, já baleado, para fora do veículo e assumido o volante, fugindo com o carro. Além de dois celulares e de cartões bancários, o assaltante levou o estepe do carro e uma caixa de ferramentas. A investigação ouviu 17 pessoas até o momento.
— Sabemos onde o taxista estava até aquele horário, porque ouvimos o último passageiro, que ele pegou antes. Esse passageiro inclusive nos procurou. Confirmamos parte do roteiro do motorista vítima, em razão do depoimento dessa pessoa, que foi muito importante. Mas onde o criminoso embarcou não temos certeza, nem informação e nem imagem. Estamos trabalhando agora, com apoio da BM e de outras delegacias, no sentido de prender esse suspeito — explica a delegada.
O crime
Na noite de 13 de setembro, Bof foi baleado com dois tiros na cabeça pouco depois das 20h, na Rua Vicente Pereira de Souza. Logo após, o criminoso abandonou a vítima no meio da rua e fugiu levando o veículo, um Etios. Moradores do entorno tentaram prestar socorro, mas o taxista morreu no local.
Cerca de três horas após o taxista ser baleado, o veículo dele foi abandonado na Rua Doutor Milton Guerreiro, próximo à Rua Correa Lima, no bairro Santa Tereza. Câmeras de segurança do entorno registraram o momento em que o automóvel foi deixado no local, por volta das 23h. Pelas imagens, é possível ver quando um homem sai do veículo e mexe na parte traseira do carro. Neste momento, ele estaria levando o estepe e a caixa de ferramentas.
O local onde o carro foi deixado fica a cerca de cinco quilômetros de onde aconteceu o latrocínio — poderia ser percorrido em menos de 15 minutos.
A vítima
Casado e pai de dois filhos, Bof nasceu em Gramado, na Serra, mas morou quando jovem no bairro Cavalhada, em Porto Alegre, na casa dos pais. Nesse período, começou a trabalhar vendendo pães produzidos pela mãe. Trabalhou ainda em um depósito de bananas. Depois de casado, passou a viver no bairro Vila Nova, onde cresceram os dois filhos. Aposentou-se como tesoureiro em uma loja, onde trabalhou por longos anos.
Mais tarde, passou a trabalhar como taxista. Exercia a profissão, segundo familiares, há cerca de 25 anos. Antes de atuar na Zona Sul, havia sido taxista no ponto do Centro Administrativo Fernando Ferrari. No início do ano passado, chegou a anunciar nas redes sociais que passaria a trabalhar no próprio bairro. Era por ali que fazia a maior parte das corridas atualmente. Residia a poucas quadras do ponto de táxi onde costumava permanecer.