Dois celulares e cartões bancários foram os itens que desapareceram de dentro do táxi de Gilberto Bof, 72 anos. O motorista foi morto com dois tiros na cabeça na semana passada, no bairro Cavalhada, na zona sul de Porto Alegre. A suspeita da Polícia Civil é de ele tenha sido vítima de latrocínio, que é o roubo com morte.
O crime aconteceu pouco depois das 20h do dia 13 de setembro, uma segunda-feira. Como o taxista não tinha ponto fixo, a polícia ainda tenta descobrir em que local o criminoso embarcou no carro. A suspeita é de que ele tenha pego a corrida como passageiro e, depois, anunciado o roubo. Bof foi assassinado na Rua Vicente Pereira de Souza. Ele costumava trabalhar perto do endereço, no bairro Camaquã, onde também residia.
Policiais seguem analisando imagens de câmeras da zona sul. O único registro obtido até agora por meio das câmeras do cercamento eletrônico onde aparece o táxi de Bof, no entanto, foi cerca de uma hora antes do crime, às 19h05min, logo após ele deixar um passageiro no bairro. O passageiro já foi localizado e ouvido pela polícia.
— Seguimos analisando outras câmeras, para ver se o carro dele passa pelo local. Não sabemos o itinerário exato que ele fez. Chovia bastante naquele dia. Os carros, com faróis ligados, são parecidos. Onde ele pegou essa corrida ainda não sabemos e nem sei se teremos como saber — explica a delegada Vivian do Nascimento, da 13ª Delegacia de Polícia, responsável pela investigação.
Até o momento, seis pessoas prestaram depoimento à polícia sobre o caso. São vizinhos do local onde aconteceu o crime e um familiar do taxista. Conforme a delegada, além da dinâmica do crime, a conduta do taxista reforça a hipótese de latrocínio. Somente dois celulares e os cartões bancários dele desapareceram. A polícia ainda não sabe se havia dinheiro dentro do carro, que também pode ter sido roubado.
— Não era alguém que tivesse inimigos ou envolvimento com algum tipo de crime. A forma como aconteceu também não nos aponta para execução — afirma.
Segundo a delegada, uma das testemunhas ouvidas relatou ter visto dois homens dentro do táxi. A polícia não descarta a participação de mais pessoas, mas a hipótese mais provável é de que somente um assaltante estivesse no veículo. Bof teria sido alvejado ainda dentro do carro e depois empurrado para fora do táxi, caindo no chão.
— Claro que não descartamos nada. Chovia muito aquela noite, era uma rua escura. Mas o autor não desembarcou de dentro do táxi. Ele empurrou a vítima e assumiu a direção do veículo — diz a delegada.
Cerca de três horas após o taxista ser baleado, o veículo dele, um Etios, foi abandonado na Rua Doutor Milton Guerreiro, próximo à Rua Correa Lima, no bairro Santa Tereza. Câmeras de segurança do entorno registraram o momento em que o automóvel foi deixado no local, por volta das 23h. O local fica a cerca de cinco quilômetros de onde aconteceu o latrocínio – poderia ser percorrido em menos de 15 minutos. O percurso feito pelo táxi após deixar o local do crime também é analisado pelos policiais.
Os investigadores analisam ainda as imagens obtidas no local onde foi deixado o carro, em que um homem aparece descendo do táxi, revirando a parte interna e, depois, levando o estepe. Ele foge caminhando em direção à Correa Lima.
— Estamos trabalhando nesse momento nesse local em que o carro foi deixado. Mas não posso adiantar detalhes — afirma a delegada.
A vítima
Casado e pai de dois filhos, Bof nasceu em Gramado, na Serra, mas morou quando jovem no bairro Cavalhada, em Porto Alegre, na casa dos pais. Nesse período, começou a trabalhar vendendo pães produzidos pela mãe.
Trabalhou ainda em um depósito de bananas. Depois de casado, passou a viver no bairro Vila Nova, onde cresceram os dois filhos. Aposentou-se como tesoureiro em uma loja, onde trabalhou por longos anos.
Mais tarde, passou a trabalhar como taxista. Exercia a profissão, segundo familiares, há cerca de 25 anos. Antes de atuar na Zona Sul, havia sido taxista no ponto do Centro Administrativo Fernando Ferrari. No início do ano passado, chegou a anunciar nas redes sociais que passaria a trabalhar no próprio bairro. Era por ali que fazia a maior parte das corridas atualmente. Residia a poucas quadras do ponto de táxi onde costumava permanecer.
O corpo do taxista foi sepultado no fim da tarde de terça-feira, no Cemitério São Miguel e Almas.