A repercussão da morte de um policial rodoviário federal aposentado durante ação da Brigada Militar em Torres, no Litoral Norte, mobilizou as cúpulas da Polícia Civil e do Ministério Público (MP), além dos servidores que diretamente já tratam da investigação. Representantes das instituições estiveram na terça-feira (24) no município.
Por parte do MP, estiveram conversando com o promotor do caso, Rodrigo Sander, o subprocurador-geral de Justiça para Assuntos Institucionais, Júlio César de Melo, o coordenador do Núcleo de Inteligência da instituição, Reginaldo Freitas da Silva, e o coordenador do Centro de Apoio Operacional Criminal, Rodrigo Brandalise.
Pela Polícia Civil, coube aos delegados Fábio Motta Lopes, subchefe de polícia, e à delegada regional Sabrina Deffente prestar esclarecimentos à imprensa e colocar a instituição à disposição dos servidores da delegacia de Torres que investigarão o caso.
Júlio César de Melo disse que viu as imagens que circulam nas redes socais e em grupos de mensagens. Ele entende que é preciso reunir mais provas técnicas para se chegar à conclusão do que realmente ocorreu na ação da BM que resultou na morte de Fábio Zortea, 59 anos.
— A análise dessas imagens não permite conclusão do que efetivamente ocorreu naquela circunstância. Até porque a prova técnica não se limitará àquelas imagens. Já se sabe que outras imagens estão sendo encaminhadas. Extrair daquelas imagens uma conclusão mais técnica do fato seria temerário — sustenta.
O subprocurador, que tem experiência no Tribunal do Júri, admite que as imagens impactam, ainda mais porque trazem a dinâmica dos acontecimentos que terminam com uma pessoa morta e outra ferida, mas pondera:
— Neste momento, se recomenda que uma melhor avaliação seja feita com toda a prova colhida na investigação.
Melo lembra que, uma vez reconhecido o crime contra a vida, o caso irá a julgamento pelo Tribunal do Júri.
— A investigação envolve a prática de homicídio e tentativa, portanto, de competência do Tribunal do Júri. Contudo, as circunstâncias do fato devidamente apuradas na investigação é que determinarão a forma de julgamento — explica.
Ressalta também que outros crimes são investigados na ação da Brigada. Segundo ele, "é importante que todos os envolvidos no fato sejam objeto da investigação para que possamos aferir e individualizar a responsabilidade de cada um".
Conforme Melo, a decisão do MP de levar representantes da cúpula da instituição até Torres foi no sentido de colocar à disposição do promotor do caso tudo que ele precise de apoio.
Os cinco policiais militares que aparecem nas imagens que mostram ação da BM, ocorrida na madrugada de segunda-feira (23), são investigados pela Polícia Civil. Dois deles por homicídio doloso — quando há intenção matar.
Os irmãos Fábio Augusto e Luca Zortea também são considerados investigados. Inicialmente, os dois foram presos por desobediência, resistência e tentativa de homicídio dos policiais militares.
Os irmãos foram soltos pela Justiça. Um deles chegou a participar das últimas homenagens ao pai. O outro foi ferido na confusão e está internado no hospital da cidade.
O vigia que nas imagens aparece auxiliando a atuação da BM, por enquanto, figura como testemunha. O profissional já prestou depoimento e terá a conduta avaliada.