A Polícia Civil prendeu na tarde desta segunda-feira (16) o segundo suspeito de envolvimento na morte da caingangue Daiane Griá Sales, 14 anos, ocorrida em Redentora, no noroeste do Estado.
A adolescente indígena foi morta no último dia 31, e o corpo, encontrada quatro dias depois, parcialmente despido e com a virilha dilacerada. Perícia indica que os ferimentos foram causados por animais, após a morte. Próximo ao corpo foi encontrado um pedaço de corda, que pode ter sido utilizado para asfixiar a garota.
O assassinato aconteceu a poucos metros da reserva indígena da Guarita, a maior do Rio Grande do Sul, onde vivem cerca de 8 mil caingangues e algumas centenas de guaranis. Daiane tinha participado de várias festas no dia 31, a última delas um “som” emanado por vários carros estacionados. No pescoço da garota existiam marcas compatíveis com estrangulamento. O desfecho do desaparecimento chocou a comunidade, que providenciou num advogado, Bira Teixeira, para acompanhar o caso.
— Era uma jovem defensora das causas indígenas, muito bem relacionada e com planos de fazer faculdade. Queremos saber se foi morta porque era índia, por ser mulher ou, quem sabe, por ambos os fatores —diz Teixeira.
Com base em testemunhas, a Polícia Civil foca a investigação nas últimas pessoas vistas em companhia de Daiane. Duas delas, dois rapazes, foram presos. O primeiro deles, no domingo (15). O outro, nesta segunda-feira, próximo à área indígena. Os dois são brancos (caucasianos) e teriam participado das festas em que a vítima compareceu. Outras pessoas são procuradas para depor. O delegado Vilmar Schaeffer, responsável pelo inquérito, não adianta nomes e nem possível motivação para a morte.
O promotor de Justiça Miguel Germano Podanosche, que acompanha o caso, diz que há indícios de “possível estupro seguido de homicídio, praticado por homens não indígenas”. Ele diz que o caso se torna ainda mais relevante pelos indicativos de fornecimento de álcool e drogas a menores de idade, nas festas investigadas.