A investigação por parte da Polícia Civil sobre a morte de uma adolescente indígena resultou na prisão de um suspeito na manhã deste domingo (15). A vítima Daiane Sales Griá, 14 anos, foi encontrada sem vida em uma lavoura no interior do município de Redentora, no noroeste do Rio Grande do Sul, no início deste mês. Outro investigado também teve a prisão temporária decretada pela Justiça, mas não foi encontrado e é considerado foragido.
A morte de Daiane chocou a comunidade indígena onde ela vivia. O suspeito foi preso no mesmo município, numa ação que contou com apoio da Brigada Militar. Os mandados foram expedidos pela Justiça de Coronel Bicaco, a pedido do delegado Vilmar Schaefer, responsável pelas investigações. O preso neste domingo foi encaminhado ao Presídio Estadual de Três Passos. Os nomes dos investigados não foram divulgados pela polícia e nem o vínculo com a adolescente.
Em nota, o delegado informou que as investigações seguem e que são aguardados exames realizados pelo Instituto-Geral de Perícias, para, “ao final, elucidar a autoria com individualização de condutas, motivações e demais circunstâncias ligadas aos fatos”.
O policial informou ainda que o caso está em segredo de Justiça e, por isso, no momento, não serão repassados detalhes sobre as prisões.
O caso
A jovem caingangue foi morta numa região de mata à beira de uma lavoura nas proximidades da Terra Indígena Guarita, no município de Redentora. Daiane havia saído de casa no sábado, 31 de julho, por volta das 16h, para encontrar amigos em uma reunião dançante na Vila São João. A música vinha de carros estacionados ao ar livre, como mostram vídeos obtidos pela Polícia Civil. Depois dessa festa, ela não retornou para casa.
O corpo dela foi encontrado na localidade de Linha Ferraz, cerca de cem metros da área indígena, na tarde de 4 de agosto, por um agricultor. Não foi possível determinar se houve abuso sexual, embora uma peça íntima estivesse próxima ao cadáver. Não se sabe a causa da morte da garota, mas no pescoço dela existiam marcas compatíveis com estrangulamento. No entanto, os peritos não encontraram indícios de fratura e também não havia sinais de cortes provocados por armas ou tiros.
Uma das suspeitas é de que a jovem tenha sido vítima de feminicídio – quando uma mulher é morta em contexto de gênero.
Manifestações
A Associação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) publicou nota repudiando a violência contra mulheres indígenas e pedindo justiça. O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) também manifestou indignação com o caso e pediu à Fundação Nacional do Índio (Funai) e órgãos de investigação federal que promovam ações para coibir violências e responsabilizar autores de crimes, além de verificar se estão vinculados à intolerância e ao racismo contra povos indígenas. A Funai informou que acompanha o caso junto às autoridades policiais.