A Delegacia de Polícia de Proteção ao Idoso de Santa Maria, na Região Central, identificou quatro pessoas suspeitas de aplicarem um novo tipo de golpe contra idosos. Um homem de 31 anos foi preso preventivamente na terça-feira (3) em Gravataí, na Região Metropolitana, por estelionato contra idosos e associação criminosa. Os outros três seguem foragidos.
O grupo, todos familiares, é investigado por causar prejuízo de aproximadamente R$ 40 mil em pelo menos 13 idosos em Santa Maria. Eles passavam na casa das vítimas oferecendo roupas de cama e edredons e, no momento de passar o cartão de crédito, o pagamento era feito diversas vezes e com valores bem maiores.
Na Operação Morfeu (em alusão ao Deus do sono e dos sonhos na mitologia grega), desencadeada na terça-feira (3), foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão. Foram apreendidos documentos, 11 máquinas de cartão de crédito, joias, 32 lençóis e edredons e dois veículos.
Conforme a delegada Débora Dias, titular da Delegacia do Idoso de Santa Maria, as primeiras ocorrências chegaram em maio de 2020. Segundo ela, nessa nova modalidade de golpe contra idosos, os criminosos se aproveitam da dificuldade de visão das vítimas e também muitas vezes da falta de atenção. E até da boa fé.
- Eles agem em dupla. São dois casais, são familiares também. Eles sempre vão de casal nas casas. Em regra, sempre a mulher que entra na casa. Às vezes, o homem acompanha para ajudar na insistência em vender os produtos. Na hora do pagamento, eles aproveitam que as vítimas são idosos, que a pessoa não enxerga muito bem, dizem que não passou o cartão, e vão fazendo os pagamentos até esgotar as contas das vítimas. Teve vezes que pediram outro cartão para tentar e passaram diversas vezes nesse outro também - explica Débora.
A delegada complementa ainda que, quando as vítimas tentavam pagar em dinheiro, os estelionatários diziam que não podiam receber em espécie, pois não tinham como dar nota fiscal. Além disso, como alegavam não ter sido realizado o pagamento, diziam que voltariam no dia seguinte para tentar novamente e as vítimas ficavam até mesmo sem os produtos, que variavam de R$ 30 a R$ 50, a unidade.
A estimativa, segundo a delegada, é que cada vítima teve, em média, entre R$ 2 e R$ 3 mil de prejuízo. Em um caso, uma idosa perdeu R$ 10 mil. Conforme ela, o quarteto fazia disso um negócio. Inclusive, as casas onde os mandados foram cumpridos, em Gravataí e Cachoeirinha, eram de alto padrão.
- Eles jamais teriam lucro com esses produtos, porque eles oferecem por R$ 30, R$ 40, R$ 50. Aí, na hora do pagamento, eles passam R$ 1 mil, R$ 2 mil. A vítima só vê depois que eles vão embora, em alguns casos, só quando vê no extrato da conta ou se recebem notificação de compra no celular. Eles vivem disso, por isso é uma associação criminosa - reforça Débora.