O comandante do 2° Batalhão de Policiamento de Áreas Turísticas (2° BPAT), tenente-coronel Aurélio da Rosa, entregou à Polícia Civil as armas dos militares envolvidos na confusão que terminou na morte de um policial rodoviário federal aposentado na madrugada de segunda-feira (23), em Torres, no Litoral Norte.
Em entrevista a GZH, o oficial disse que não faria juízo de valor sobre a ação das pessoas ou dos PMs durante a ocorrência, para não prejudicar o andamento dos dois inquéritos sobre o caso — um que tramita na corporação e o que está sendo conduzido pela Polícia Civil. Afirmou, contudo, que os "policiais estavam correndo risco".
O comandante relata que houve uma chamada para o telefone 190, da BM, na madrugada de segunda-feira falando sobre pessoas em um veículo que estariam fazendo algazarra e vandalismo na área central da cidade. Conforme o policial, foram informadas as características do carro, e uma guarnição foi ao local. Chegando lá, os PMs não encontraram o automóvel.
Na sequência, segundo Aurélio, mais informações chegaram, dando conta de que essas pessoas estariam danificando árvores de um canteiro central. O oficial diz que as guarnições seguiram fazendo buscas até encontrar o veículo suspeito. A partir dali, a viatura passou a acompanhar esse carro e, num determinado momento, deu ordem de parada, o que não teria sido acatado.
— Esse condutor entendeu por não obedecer as ordens de parada e empreendeu fuga da guarnição. Por mais de um quilômetro houve um acompanhamento policial, porque o veículo não parava para abordagem — relata o comandante.
Segundo Aurélio, o veículo só parou em frente ao prédio onde a família dos envolvidos mora. O militar afirma que imagens de câmera de segurança mostram a chegada dos dois carros. Conforme ele, os policiais descem da viatura, se posicionam de maneira correta, dentro da técnica, "em situação de proteção, atrás das portas da viatura, e dão a ordem de descida para os ocupantes do Gol".
— Faz o procedimento normal de uma abordagem policial. Até aí a coisa vinha muito bem. Ocorre que o Luca, o mais novo dos filhos (do aposentado que foi morto), aceita a abordagem, fica na posição de revista, e isso aparece na imagem. O policial revista ele. E o outro, o irmão mais velho, ele não aceita a abordagem em momento nenhum e começa a se evadir para tentar entrar no prédio — conta o oficial.
Depois disso, Fábio e um policial começam a brigar.
— Ali ele (policial) tentou uma técnica de imobilização, mas não funcionou — diz Aurélio.
O chefe do 2° BPAT relata ainda que começou então uma briga generalizada, posteriormente com a presença do pai dos suspeitos, Fábio Zortea, 59 anos, que acabou morrendo.
— Ele (o filho mais velho) tira o carregador do cinto do policial, o carregador da pistola. Ele está tentando o tempo todo, naquela luta corporal, tirar a arma do policial. O cinto dele vira e a pistola fica atrás, nas costas dele. O rapaz consegue tirar o carregador e começa a bater no rosto do policial com o carregador da pistola. Por isso que ele quebrou o nariz, quebrou dente (do policial) — descreve o comandante, ao ponderar que tudo isso será avaliado nos laudos periciais.
O oficial acrescenta que, "num determinado momento, o policial entendeu que estava correndo risco de vida e efetuou o disparo":
— Da minha análise sumária dos fatos, sim, os policiais estavam correndo risco. Os policiais chegaram num momento que, no meu entendimento, deixou de ser uma ocorrência policial e virou uma briga de rua. E talvez os policiais tivessem tomado a pior, e aconteceu aquilo que a gente não queria ter visto.
Ouça a entrevista com o tenente-coronel Aurélio da Rosa