As buscas ao menino Miguel dos Santos Rodrigues, sete anos, no Litoral Norte, ganham reforço nesta sexta-feira (6). No nono dia da operação que tenta localizar o corpo do garoto, dois cães farejadores da Companhia Estadual de Busca e Salvamento (CEBS) passam a integrar os trabalhos.
A mãe da criança, Yasmin Vaz dos Santos Rodrigues, 26 anos, está presa, assim como a companheira dela, Bruna Nathiele Porto da Rosa, 23 anos.
Os cães são das raças pastor alemão e boiadeiro australiano. Eles possuem treinamento para localizar tanto cadáveres como pessoas vivas, segundo o comandante do canil do CEBS, tenente Fernando Dutra.
A atuação com os binômios — como são chamadas as equipes formadas por um bombeiro e um cão — se dará nas proximidades da pousada onde o garoto vivia com a mãe e a madrasta. As buscas dessas equipes serão por terra, já que a polícia não descarta que as duas tenham mentido ao dizer que o corpo do menino foi jogado no Rio Tramandaí.
Nesta semana, os bombeiros de Tramandaí refizeram o trajeto que Yasmin afirma ter usado para transportar o corpo do filho. A equipe percorreu os cerca de dois quilômetros desde a pousada até as margens do rio. Os bombeiros vasculharam terrenos baldios, bueiros e outros pontos onde havia possibilidade de que o corpo pudesse ter sido abandonado.
— Seguimos verificando todas as possibilidades, tanto de que esteja na água, como tenha sido depositado em outro local. No rio, passamos por todos os pontos onde poderia estar trancado — explica o comandante dos bombeiros de Tramandaí, tenente Elísio Lucrécio.
Os bombeiros também mantêm as buscas pela orla, numa extensão de cerca de 90 quilômetros, até Torres. Um drone ainda é usado para ampliar as buscas. Entre Imbé e Tramandaí, os pescadores foram alertados para, caso percebam algo suspeito, acionem os bombeiros.
Quatorze militares, um bote e uma moto aquática são empregados na operação. As buscas, segundo os bombeiros, não têm prazo para serem encerradas.
Buscas na pousada
O primeiro ponto onde os bombeiros estiveram com um dos cães foi a pousada. No início da manhã, a equipe esteve no local onde a mãe e madrasta afirmam que o menino foi morto.
— O comportamento do cão indica que havia odor de sangue humano no local. Eles são treinados para identificar o plasma humano. Isso nos leva a crer que o garoto pode ter sido morto nesse local — explica o tenente Lucrecio.
Na sequência, a equipe seguiu com o cão pelas ruas próximas, na tentativa de localizar pontos onde o corpo do menino possa ter sido abandonado. Os bombeiros ingressaram em uma área de mato com o animal. Depois, foram até as margens do Rio Tramandaí. As buscas seguem ao longo do dia.
Contrapontos
Uma nova equipe assumiu a defesa de Yasmin na quarta-feira (4). O advogado Jean Severo, que passa a atuar no caso, informou que só irá se manifestar após analisar o inquérito.
— Tem algumas informações que foram dadas da acusada para defesa que não estão batendo. Então a gente vai analisar muita coisa — disse.
As advogadas Josiane Silvano, Fernanda Ferreira da Silva e Helena Von Wurmb, que representam Bruna, enviaram nota para GZH. Confira na íntegra:
"Estivemos em contato com a Bruna na data de ontem (04/08) no Instituto Psiquiátrico Forense e apenas confirmamos aquilo que já havíamos constatado analisando o Inquérito Policial, ou seja, as informações trazidas a público estão sendo veiculadas de maneira distorcida. Bruna sofria violência física e psicológica constantemente desde o início de seu relacionamento com Yasmin, não tendo participação nos maus tratos e homicídio do menino Miguel, sendo que é uma das pessoas mais abaladas emocionalmente pela sua morte. Isso irá ser comprovado no transcurso do processo, bem como as condições de sua saúde mental."