Um casal que participou de assalto a bancos na cidade de Miraguaí, em fevereiro de 2017, foi capturado na tarde de segunda-feira (09) em Mundo Novo, município de Mato Grosso do Sul situado na fronteira com o Paraguai. Camila Lorenzon Gonzatto e Misael da Silva da Cruz estavam foragidos da Justiça, procurados por envolvimento num duplo ataque a banco, às agências do Sicredi e do Banrisul.
O casal, que ganhou na região noroeste do Rio Grande do Sul os apelidos de Lampião e Maria Bonita (numa alusão ao famoso cangaceiro nordestino e sua mulher), usava nome falso. A prisão ocorreu porque suas comunicações com a região de Miraguaí foram rastreadas.
Camila era professora de indígenas na Reserva Guarita, a maior do Estado, situada entre os municípios de Miraguaí, Redentora e Tenente Portela. Misael, companheiro dela, é índio caingangue e dono de uma serra móvel, usada para cortar madeira em várias cidades da região missioneira. Ele já tinha sido preso por tráfico de drogas e era investigado por extração e venda ilegal de árvores nativas.
A principal acusação que pesa contra o casal é a participação no duplo assalto a banco registrado há quatro anos. Na ocasião, dois guardas bancários e um PM foram feitos reféns por uma quadrilha. O policial inclusive foi amarrado sobre o capô de um carro, que desfilou pela avenida principal.
Misael e Camila estão denunciados pelo Ministério Público Estadual por planejar, preparar e atuar naqueles assaltos. Ele, com uso de armas. Ela, por fabricar e usar miguelitos (pregos retorcidos, usados pelos ladrões para furar pneus e evitar perseguições policiais).
A Polícia Civil identificou 25 supostos integrantes do bando envolvido no ataque, dos quais 13 foram presos. Entre os condenados no episódio estão dois ex-caciques, um deles primo de Misael. Foi graças a informações repassadas pela Polícia Civil gaúcha ao Centro Integrado de Operações de Fronteira (do Ministério da Justiça e Segurança Pública) que a Polícia Federal localizou o casal, revela o delegado Roberto Fagundes Audino, de Tenente Portela, responsável pela investigação.
O casal foi levado até a Delegacia da Polícia Federal em Guaíra, no Paraná, autuado em flagrante por uso de documento falso e também recolhido, para aguardar transferência ao Rio Grande do Sul.
Ao depor, eles confirmaram a utilização do documento falso, mas quanto a participação no roubo, permanceram em silêncio.