Os bombeiros entram nesta segunda-feira (9) no 12º dia de buscas pelo menino Miguel dos Santos Rodrigues, sete anos, desaparecido em Imbé, no Litoral Norte.
A mãe dele, Yasmin Vaz dos Santos Rodrigues, 26 anos, está presa desde o dia 29 de julho, quando confessou ter arremessado o corpo do filho no Rio Tramandaí. Ela e a companheira, Bruna Nathiele Porto da Rosa, 23, foram detidas pelo crime e indiciadas pela Polícia Civil no último sábado (7).
Segundo o tenente Elísio Lucrécio, comandante dos bombeiros de Tramandaí e responsável por coordenar as buscas, a operação se concentra neste momento na varredura na orla. Estão empenhadas na procura equipes de Torres, Capão da Canoa, Tramandaí e Cidreira, que percorrem o trajeto para verificar se há algo nas praias ou para tentar avistar no mar.
— A água está turva, com difícil visibilidade — explica o tenente.
A decisão de estender o perímetro de buscas se deu no fim de semana, quando houve inversão no sentido da corrente, que até então estava de Sul para Norte. Com isso, as equipes passaram a percorrer também as demais praias, em direção ao sul, até Mostardas.
A decisão de concentrar o trabalho na areia ocorreu após as equipes tentarem diferentes possibilidades para encontrar o corpo do menino.
Inicialmente, os bombeiros fizeram mapeamento e varredura nas águas do Rio Tramandaí, onde Yasmin alega ter jogado o corpo do filho. Foram empregadas embarcações e mergulhadores nessa fase da operação. Como nada foi localizado, decidiu-se ampliar a procura para a orla, em razão da suspeita de que a criança possa ter sido arrastada para o mar.
Em paralelo, os bombeiros começaram a procurar pelo menino por terra, para descartar a hipótese de que o corpo possa ter sido abandonado em outro local. As equipes vasculharam a pé áreas de difícil acesso nas proximidades da pousada onde o garoto vivia com a mãe e a madrasta.
Na última quarta-feira (4), os bombeiros refizeram o trajeto de quase dois quilômetros que Yasmin diz ter feito transportando o corpo do filho em uma mala. Foram verificados bueiros, terrenos baldios e outros pontos suspeitos.
Na sexta (6), a ação ganhou o reforço dos cães farejadores da Companhia Estadual de Busca e Salvamento. O pastor alemão cinza Odin esteve na pousada onde a criança vivia — no local, o animal demonstrou comportamento inquieto, que indica que alguém possa ter morrido no imóvel. Na sequência, o cão foi levado para outros locais, como ruas próximas da pousada, um terreno baldio e um aterro sanitário.
No sábado (7), a Polícia Civil indiciou Yasmin e Bruna pelos crimes de homicídio duplamente qualificado, tortura e ocultação de cadáver. Embora o corpo do garoto ainda não tenha sido localizado, o delegado Antônio Carlos Ractz Júnior entende que já possui elementos suficientes para que as duas respondam pelo assassinato do menino Miguel.
Embora já tenha encaminhado a primeira parte do inquérito, a polícia dará seguimento à investigação. Bruna deve ser ouvida novamente nesta semana.
Contrapontos
O que diz a defesa de Yasmin
Uma nova equipe assumiu a defesa de Yasmin na quarta-feira (4). O advogado Jean Severo, que passou a atuar no caso, afirma que na sexta-feira esteve em contato com a cliente e que ela nega ter cometido o crime.
— Ela se declara inocente. Que ela foi coagida na delegacia a falar aquilo. Ela não vai participar de nenhuma simulação do caso (reprodução simulada dos fatos) e de nenhum outro interrogatório. Ela só vai falar o que realmente aconteceu na frente do magistrado.
O que diz a defesa de Bruna
As advogadas Josiane Silvano, Fernanda Ferreira da Silva e Helena Von Wurmb, que representam Bruna, enviaram uma nota para GZH em que afirmam que a cliente sofria violência física e psicológica. Sobre o vídeo, no qual Bruna aparece ameaçando o menino, as advogadas emitiram outra nota, onde também afirmam que ela era manipulada e coagida.
Confira na íntegra:
“Estivemos em contato com a Bruna na data de ontem (04/08) no Instituto Psiquiátrico Forense e apenas confirmamos aquilo que já havíamos constatado analisando o Inquérito Policial, ou seja, as informações trazidas a público estão sendo veiculadas de maneira distorcida. Bruna sofria violência física e psicológica constantemente desde o início de seu relacionamento com Yasmin, não tendo participação nos maus tratos e homicídio do menino Miguel, sendo que é uma das pessoas mais abaladas emocionalmente pela sua morte. Isso irá ser comprovado no transcurso do processo, bem como as condições de sua saúde mental.”
Nota sobre o vídeo:
“Como já referimos a Bruna era constantemente manipulada e coagida por Yasmin, que tinha conhecimento que Bruna é portadora de problemas psiquiátricos. A Bruna foi usada como uma tentativa de obrigar a avó do menino a buscá-lo uma vez que a mãe não queria mais ficar com ele, portanto foi gravado exclusivamente com esse intuito, tanto que no Inquérito Yasmin isenta Bruna de qualquer ato contra o menino Miguel.”