Em menos de 24 horas, 20 mulheres procuraram a Polícia Civil para relatar casos de abuso sexual que teriam sido praticados por um cirurgião plástico de Porto Alegre. De acordo com a polícia, na manhã de terça-feira (13), quando a operação foi deflagrada, a investigação contava com o relato de 12 vítimas. Após a divulgação do caso, o número já chega ao total de 32 denúncias.
De acordo com a delegada Jeiselaure Rocha de Souza, titular da 1ª Delegacia de Polícia Especializada no Atendimento à Mulher da Capital, os 20 novos relatos já passaram por um filtro inicial e se referem a denúncias por supostos crimes sexuais. Há ainda outros relatos, que não entram no caso por se tratarem de supostos erros médicos.
— Esse número está aumentando porque as denúncias não param de chegar. Ele vai subir bastante, sem nenhuma dúvida. São relatos muito graves e tudo será investigado. O importante é que essas vítimas estão tendo voz e criando coragem para denunciar — afirmou a delegada.
Segundo a polícia, os relatos indicam crimes contra a dignidade sexual das mulheres, que inclui atos como assédio sexual, importunação e estupro, por exemplo:
— São vários crimes envolvendo diversas vítimas em vários contextos. Sempre com mulheres que o procuraram para avaliação médica. Os relatos que recebemos indicam que ele teria praticado desde cantadas, um toque mais lascivo até casos em que houve a consumação do ato sexual propriamente dito.
Conforme apurado pela investigação, situações semelhantes estariam ocorrendo desde 2007. Outras duas ex-funcionárias também devem depor nos próximos dias e afirmam que teriam sofrido assédio.
Na manhã de terça, equipes da delegacia cumpriram mandados de busca e apreensão na residência do médico e na clínica em que ele atende, no bairro Três Figueiras. O pedido de prisão foi negada pela Justiça. No entanto, o suspeito esteve no Palácio da Polícia, acompanhado do advogado, e negou informalmente as denúncias. Ele será ouvido novamente nesta quinta-feira (15), às 14h.
O que diz a defesa
O advogado Gustavo Nagelstein afirmou que somente irá se manifestar após o depoimento de seu cliente na delegacia, previsto para esta quinta. Depois, uma nota de esclarecimento será divulgada. Entretanto, o advogado adiantou que o médico nega as acusações.
Como fazer denúncias
A Delegacia de Polícia Especializada no Atendimento à Mulher da Capital pode ser contatada pelos telefones (51) 98402-2495/98682-9585 ou pelo WhatsApp da Polícia Civil: (51) 98444-0606.
Por que GZH não publica o nome do investigado?
Preservamos a identidade do médico porque ele não foi preso, nem indiciado pela Polícia Civil ou denunciado pelo Ministério Público. Até este momento, ele é tratado como um suspeito.