A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quarta-feira (30) a Operação Kavãn, com objetivo de esclarecer crimes praticados durante conflitos ocorridos em dezembro de 2020 na aldeia caingangue Ventarra, no município de Erebango (RS), no norte do Estado. Entre os episódios investigados está a tentativa de homicídio de um indígena e a expulsões de outros, com depredações de moradias.
Cerca de 40 policiais federais cumprem sete mandados de busca e apreensão na aldeia, na zona urbana da cidade e também em outra região do Estado, na Terra Indígena Guarita, em Tenente Portela (RS), próximo à fronteira com a Argentina. A ação conta com o apoio da Brigada Militar, do Corpo de Bombeiros e da Susepe. Mais de 140 agentes públicos estão envolvidos na operação.
Os crimes investigados ocorreram entre os dias 12 e 13 de dezembro de 2020, quando foram registrados diversos conflitos entre grupos antagônicos na aldeia Ventarra, motivados por divergências na gestão de recursos pelo então cacique, Gilmar Salles Cristão. Após alguns tiroteios, o grupo ligado ao chefe indígena foi expulso da região, enquanto seus adversários passaram a controlar a reserva. Além de depredações patrimoniais e lesões leves, o conflito resultou no ferimento de um indígena por arma de fogo, atingido na perna.
A PF tem indícios de que os dois grupos indígenas rivais, reforçados por indivíduos de outras áreas indígenas, utilizaram armas de fogo na disputa pelo comando da aldeia, colocando em risco a vida de crianças e idosos.
— A perícia encontrou um grande número de cartuchos de espingarda calibre 12 e marcas de tiros em algumas casas, que evidenciam o elevado grau de violência e periculosidade das ações — informa o delegado Sandro Bernardi, um dos que participam da operação da PF.
Um dos responsáveis pelos conflitos estaria refugiado na reserva de Tenente Portela e por isso as buscas da PF também acontecem lá. O inquérito da Polícia Federal apura tentativa de homicídio, associação criminosa, porte ilegal de arma de fogo, ameaças e lesões corporais.
A palavra “Kavãn”, na língua caingangue, traduz-se como “libertar”. No contexto da operação, significa libertar a Terra Indígena Ventarra da opressão realizada por grupos que buscam o poder, valendo-se de violência e do emprego de armas de fogo, explica a PF.