O mês de maio terminou com redução de 29% nos homicídios no Rio Grande do Sul, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (10) pela Secretaria da Segurança Pública (SSP). No mesmo período, os latrocínios (roubo com morte) também tiveram queda, de 25%.
Por outro lado, os feminicídios registraram aumento de 14,3% no Estado na comparação com igual mês do ano passado. Veja os principais indicadores:
Homicídios
O número de vítimas de homicídio passou de 176 para 125 na comparação entre maio de 2020 e o mês passado. No acumulado desde janeiro, a queda é de 20,2%. Em ambos os recortes, segundo a SSP, o dado atual é o menor desde 2007.
Em Porto Alegre, houve uma vítima a menos em maio do que no mesmo mês de 2020, passando de 27 para 26 (queda de 3,7%). No acumulado do ano, a redução é de 18,1% no indicador — de 138 vítimas nos cinco primeiros meses de 2020 para 113 neste ano.
Latrocínios
Outro crime que apresentou redução recorde em maio no Rio Grande do Sul foi o latrocínio, que atingiu o menor número para o mês em toda a série histórica, iniciada em 2002. Foram registrados três casos em todo o Estado, um a menos (-25%) que no mesmo período do ano passado.
No acumulado desde janeiro, a soma de roubos com morte no Estado também é a menor desde o início da série histórica, conforme a SSP. De 28 crimes do tipo no ano passado, foram registrados 25 em 2021, o que representa retração de 10,7%.
Feminicídios
O crime contra a vida que ainda apresenta alta no Estado é o assassinato de mulheres em razão de gênero. Maio terminou com oito feminicídios, um a mais do que no mesmo mês do ano passado (14,3%). No acumulado desde janeiro, contudo, o Estado ainda mantém redução nesse tipo de crime, com 42 casos, um a menos na comparação com igual intervalo de 2020 (-2,3%).
Na avaliação da titular da 1ª Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (1ª Deam) de Porto Alegre, delegada Jeiselaure de Souza, um dos principais desafios ao crime é a subnotificação da violência contra mulher, que chega a 90% dos casos. Das oito vítimas de maio, apenas uma havia feito registro por ameaça, mas não havia solicitado medida protetiva de urgência.
As mulheres têm de acreditar que ameaças podem se concretizar. As vítimas precisam se perceber na condição de vítima de violência doméstica para que consigam romper o silêncio.
JEISELAURE DE SOUZA
Titular da 1ª Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (1ª Deam) de Porto Alegre
— Não basta trabalho de segurança pública, para fazer enfrentamento dos feminicídios é preciso que haja transformação cultural, engajamento de toda a sociedade. Transformação da mentalidade das vítimas, que precisam se perceber na condição de vítima de violência doméstica para que consigam romper o silêncio. A Polícia Civil vem trabalhando e ampliando seus espaços de acolhimento e capacitando seus policiais. Mas é uma violência difícil de trabalhar.
A delegada reforça a importância da vítima se reconhecer em uma posição de risco e, por isso, procurar ajuda e denunciar. Ela salienta a importância de familiares e amigos interferirem em relações violentas:
— As mulheres têm de acreditar que ameaças podem se concretizar. Precisam registrar quantas ocorrências forem necessárias até prendê-lo (o agressor) para que não fiquem reféns desse relacionamento. Com medida protetiva em vigor, temos mecanismos de controle para fazer prisão em flagrante ou pedir preventiva. As mulheres que estão morrendo são casos que não temos como alcançar, tornam-se estatística quando morrem.
Roubo de veículo
O número de ocorrências, que em maio do ano passado foi de 719, caiu 47,1%, para 380 registros no mesmo mês de 2021. É o menor total para o período em toda a série histórica, iniciada em 2002, e apenas quatro casos a mais do que a marca mais baixa já verificada no intervalo de um mês desde o início da contabilização – o que ocorreu em novembro de 2020.
Ataques a banco a transporte coletivo
Os ataques a banco tiveram redução de 37,5% em um ano. Em maio de 2020, foram oito ocorrências, contra cinco no mês passado.
Já os assaltos a usuários e profissionais do transporte coletivo diminuíram de 102 para 80 em igual período, uma queda de 21,6%.