Longe de ser apenas aquele elogio que se faz quando alguém morre, Fabiano Ribeiro de Menezes, 51 anos, 28 na Polícia Civil e faltando dois para se aposentar, é praticamente unânime entre colegas e familiares: profissional, pai e filho exemplar. Como diz um parente, era uma "pessoa do bem".
Ele foi uma das duas vítimas na noite de domingo (16) de um atirador em um restaurante na cidade de Jaboticaba, norte do Estado. A investigação local ainda apura a motivação do crime.
Fábio Collares, 46 anos, irmão do agente, diz que a família está perplexa, mas a mãe é a mais arrasada de todos. Segundo ele, um dos dois filhos do policial, inclusive, trabalha com ele na delegacia da cidade, estagiário de Direito, e admira tanto o pai que seu plano sempre foi ser delegado de polícia.
— Desde pequeno, desde criança, meu irmão sempre dizia: se eu não fosse policial, não seria nada na vida. E ele conseguiu, nos honrou, honrou a instituição e o nosso Estado — ressalta Collares, que é morador de Porto Alegre.
Menezes estava em um restaurante na cidade de pouco mais de 3,7 mil habitantes, distante 33 quilômetros de Palmeira das Missões, e levou dois tiros de Marcos de Moraes Antunes, 30 anos. O agente abordou o atirador dentro do estabelecimento comercial pouco antes de ele sair, logo depois que Moraes atirou na cabeça de José Antônio Rocha Monteiro, 53 anos, uma das 25 pessoas que estavam no local.
O policial morreu a caminho do hospital da cidade onde residia e trabalhava há 22 anos.
Depois que passou no concurso da instituição, há 28 anos, Menezes foi para Rodeio Bonito e, em seguida, acabou transferido para Jaboticaba. Na cidade, onde todos o conheciam, era um cidadão respeitado e gostava tanto da localidade que casou com uma moradora, tendo dois filhos.
— Ele era muito querido, trabalhava há bastante tempo por aqui, bem triste para nós. Fizemos uma homenagem aqui na região para o comissário — disse a delegada regional, Aline Dequi.
Em nota nas redes sociais, a Polícia Civil lamentou o falecimento do comissário:
"A Polícia Civil do Estado do Rio Grande do Sul lamenta profundamente o falecimento do Comissário de Polícia Fabiano Ribeiro Menezes, 51 anos, ocorrido na noite deste domingo, na cidade de Jaboticaba/RS. O Policial Civil foi vítima de disparos de arma de fogo, na tentativa de prender um indivíduo que havia cometido homicídio contra outra vítima no local. Socorrido, o Comissário de Polícia não resistiu aos ferimentos, vindo a óbito."
Família
Menezes estava em processo de divórcio nos últimos seis meses. Ele estava com a esposa há 21 anos e teve com ela um filho de 10 anos e outro de 18. Inclusive, o mais velho estaria morando há alguns dias com ele.
— Um pai dedicado, mesmo com todo trabalho policial, era um exemplo para meus sobrinhos — ressalta Collares, irmão do comissário.
Collares diz que o sobrinho havia passado na universidade para estudar Direito e estava orgulhoso de ser estagiário, na área administrativa na delegacia onde o próprio pai trabalhava. O jovem tem como meta seguir os passos de policial do pai, chegando até delegado da instituição.
Menezes deixa quatro irmãos, uma irmã mais velha, por parte de pai e mãe, e mais três, incluindo Collares, por parte de mãe.
Homenagens
A delegada Aline, da 14ª Regional, diz que Menezes foi homenageado com a bandeira da polícia e com o som de sirenes de viaturas no velório em Jaboticaba. Pela tarde, o corpo será levado à cidade natal do comissário, Porto Alegre, onde haverá outro velório à noite, que está sendo providenciado por familiares. Ainda sem horário, Collares diz que o sepultamento do irmão será terça-feira (18).
A polícia investiga o caso e aguarda pelo depoimento do atirador, que passou por cirurgia após levar três tiros de Menzezes. Moraes foi atingido no quadril, em uma das pernas e em um dos braços. Assim como o atirador, o primeiro homem morto por Moraes no restaurante, José Antônio Rocha Monteiro, 53 anos, tinha passagens pela polícia. O delegado Gustavo Fleury, responsável pelo caso, quer saber agora o motivo de uma possível desavença envolvendo rixa entre as famílias dos dois. Por enquanto, esta hipótese foi repassada por testemunhas e precisa ser comprovada.
Imagens de câmeras de segurança do restaurante estão auxiliando na elucidação do crime, principalmente para identificar todos que estavam no local. A ideia é tomar o depoimento das 25 pessoas. Seis já foram ouvidas. A namorada do atirador, que não estava no estabelecimento, também prestou depoimento. Fleury não descarta que o investigado estivesse acompanhado de uma pessoa, conforme algumas testemunhas relataram.