O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) denunciou, nesta sexta-feira (21), o homem que invadiu uma creche e matou duas educadoras e três crianças no dia 4 de maio, no município de Saudades, no oeste catarinense. Conforme a ação penal pública, que será enviada à Justiça, Fabiano Kipper Mai, 18 anos, deve responder por cinco homicídios consumados e 14 tentativas de homicídios. No total, ele foi denunciado por 19 crimes contra a vida, sendo oito contra pessoas adultas e 11 contra crianças. As qualificadores definidas pelo MPSC são motivo torpe, cruel e recurso que impossibilitou a defesa das vítimas.
As informações sobre a investigação e a denúncia foram divulgadas durante uma entrevista coletiva de imprensa realizada na tarde desta sexta e transmitida online. O inquérito policial havia sido entregue ao Ministério Público no dia 14.
O crime ocorreu na manhã de 4 de maio na Escola Pró-Infância Aquarela, quando o homem tirou a vida de três bebês e duas professoras. Um menino, de um ano e oito meses, sofreu cortes no rosto e sobreviveu ao ataque.
Conforme o MPSC, o homem planejou a chacina sozinho, tinha consciência sobre o que estava fazendo, era motivado por ódio e agiu no intuito de matar o maior número possível de pessoas.
— Podemos dizer que ele tinha total controle, discernimento e lucidez em relação aos atos que estava praticando, tanto que premeditou, planejou e idealizou esse massacre terrível. Não há nenhum indício ou dúvida razoável para que se coloque em cheque a sanidade mental do denunciado — afirmou o promotor de Justiça responsável pelo caso, Douglas Dellazari.
Conforme a entidade, chamou a atenção a premeditação e o planejamento do crime. A preparação para o ataque foi feita por cerca de 10 meses.
Criminosos era fascinado por serial killers e buscava "reconhecimento"
Conforme o MPSC, por meio da perícia em itens pessoais do homem, foi possível verificar diversas pesquisas feitas sobre crimes e massacres ocorridos em escolas e casos de assassinatos em massa no Brasil e no mundo. O denunciado também pesquisava sobre a história de outros assassinos.
De acordo com Dellazari, o homem tinha interesse em matar o maior número de pessoas no intuito de receber reconhecimento e fama pelos atos praticados:
— Dentro desse meio em que ele estava envolvido, dessas pesquisas e em fóruns que participava, ele queria buscar certa fama e reconhecimento. Isso mostra o desvalor dele em relação à vida humana e a barbárie com que ele tratava a situação.
O criminoso também fez pesquisas sobre armas e tentou comprar armamento mais de uma vez. Sem sucesso, passou a ler sobre ataques em massa realizados com armas brancas e a avaliar a possibilidade de cometer a ação dessa forma. Ele fez também pesquisas sobre o retorno das aulas presenciais no município de Saudades e, na véspera do crime, buscou informações específicas sobre as aulas na creche em que cometeu a chacina.
— Desde aquele momento, ele delineou o alvo mais fácil, onde ele poderia ter êxito e garantir a ação criminosa vil, abjeta e extremamente covarde — complementou o promotor.