O homem suspeito da morte de Gabrielle França, 18 anos, na madrugada desta segunda-feira (12), no bairro Agronomia, zona leste de Porto Alegre, foi localizado no final da manhã. Niel Mateus da Rosa Alves, 42 anos, padrasto da vítima, foi visto por policiais do Comando Ambiental da Brigada Militar no momento em que se atirou de uma ponte no Guaíba, em Eldorado do Sul.
De acordo com a delegada Jeiselaure de Souza, da Delagacia da Mulher de Porto Alegre, ele disse que "perdeu a cabeça" e que agora terá que "pagar pelo o crime".
— Ele confessou o crime. O depoimento foi gravado em vídeo pois, até aquele momento, não tínhamos certeza se ele ficaria hospitalizado ou não. Ele recebeu alta hospitalar e acompanhado do seu advogado prestará mais um depoimento na delegacia da mulher.
Ele foi socorrido e encaminhado para o Hospital de Pronto Socorro (HPS) na Capital. Na queda, ele fraturou uma das vértebras.
Inicialmente, o padrasto da vítima deu um nome falso, mas os PMs confirmaram que ele estava mentindo porque não estavam conseguindo confirmar no sistema integrado de segurança. No final desta manhã, o homem pediu para falar com uma irmã e ela confirmou o nome verdadeiro dele. Os PMs acionaram a Polícia Civil. Apesar da investigação já ter solicitado prisão preventiva à Justiça, a detenção ainda foi considerada flagrante.
De acordo com Jeiselaure, áudios enviados por ele para familiares alegando vingança devido ao fim do relacionamento de 16 anos que tinha com a mãe da jovem são as principais provas do feminicídio.
A polícia já havia ouvido testemunhas e solicitado exames periciais do local do crime. Também está analisando imagens de câmeras de segurança da região no bairro Agronomia.
— Estamos buscando todas as provas necessárias, assim que ele tiver condições, vamos ouvi-lo. Ele já estava recuperando a consciência, tanto é que mentiu o nome no momento da abordagem, dizendo que se chamava Marcos. Ele foi encontrado por policiais militares do Comando Ambiental, que usaram um barco para resgatá-lo da água. Mesmo tendo sido horas após o fato, a prisão é considerada em flagrante, e ele está custodiado por uma equipe nossa no HPS — diz Jeiselaure.
GZH entrou em contato com a defesa de Niel Mateus da Rosa Alves que afirmou aguardar ter acesso ao inquérito para definir quais serão os próximos passos no caso. No entanto, o advogado Semarino Alves Nunes adiantou que solicitará uma avaliação médica de seu cliente.
— Conversei com o Niel e ele me disse que não lembrava do ocorrido e que depois recobrou a consciência do fato. Ele me confirmou também que sempre teve dificuldades psicológicas, mas não tinha dinheiro para buscar auxílio. Já adianto que vamos pedir uma avaliação para constatar se Niel possui algum transtorno psicológico — afirmou o advogado.
Áudios
A delegada afirma que os áudios falam sobre ele ter cometido o crime por vingança. A gravação mais recente foi enviada ainda nesta manhã, logo após o crime, dizendo para cuidar de familiares e que a vida dele não teria "mais graça", que se vingou da companheira. Em outro áudio enviado dias atrás, ele cita que estava rondando a ex-mulher para tentar executá-la.
Segundo a investigação, ele matou a enteada porque a companheira havia terminado o relacionamento. Alves tem três filhos com a ex-companheira e cuidou da enteada desde quando a jovem tinha dois anos. A mãe de Gabrielle foi morar no bairro Mario Quintana, na zona norte da Capital, devido a ameaças de Alves.
— Eles se separaram há dois anos quando ela fez um boletim de ocorrência em 2019, em Alvorada, relatando que ele iria matar ela e os filhos se ela não reatasse o relacionamento. Nesse meio tempo, eles voltaram o relacionamento algumas vezes. Agora, estavam separados há mais tempo e ela já estava em outra relação — disse a delegada Jeiselaure de Souza.
Alves tinha direito de conviver com os filhos e a enteada, mas nesta segunda-feira, apenas ela estava na residência dele, na zona leste.
Para denunciar casos de violência contra a mulher, contate o Disque-Denúncia pelo telefone 181. Além disso, há os Centros de Referência da Mulher, delegacias especializadas e a Defensoria Pública.