Uma execução que ocorreu em 6 de dezembro do ano passado no bairro Urlândia, na região sul de Santa Maria, preocupa as polícias da cidade. Além da brutalidade do homicídio, chamou a atenção a ação dos criminosos que mataram Evandro Rodrigues dos Santos, 33 anos, com diversos tiros na cabeça.
Três homens chegaram até a casa da vítima em um carro, por volta das 7h daquele domingo. Ao invadir a residência, vestidos com fardas semelhantes às usadas pelo Batalhão de Choque e pela Força Tática da Brigada Militar e coletes balísticos, se identificaram como policiais.
Aos gritos para que abrissem a porta, os criminosos deixavam escapar o linguajar do mundo do crime. Após arrombarem duas portas, o trio chega até a vítima, que é baleada diversas vezes. Tudo foi gravado em um vídeo que circula nas redes sociais. Após assassinarem o homem, os criminosos ainda pronunciam o grito de uma facção.
O delegado Gabriel Zanella, titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa de Santa Maria, diz que a polícia tem conhecimento do vídeo e que o assassinato está em investigação e corre em sigilo.
O comandante do 1º Regimento de Polícia Montada de Santa Maria, tenente-coronel Cleberson Bastianello, responsável pelo policiamento na cidade, possui um pelotão de Força Tática, que tem fardas parecidas com as utilizadas pelos criminosos. Segundo o militar, a semelhança do fardamento pode causar dúvida na vítima, mas a ação é totalmente diferente das intervenções realizadas pela Brigada Militar:
— Essa cena foi filmada pelos delinquentes para isso, para causar impacto, terror. Nenhuma das práticas ali, a não ser estarem com roupas semelhantes, tem a ver com as ações da Brigada Militar. Primeiro, que não usamos touca ninja, o policial se identifica, com a tarja com o nome, sempre usamos viaturas.
O delegado regional da Polícia Civil Sandro Meinerz salienta que a situação também preocupa a instituição, que já teve episódios em que criminosos, usando camisa com o distintivo e o nome do órgão, se passaram por policiais para cometer crimes. Meinerz ressalta essas diferenças no modo de agir dos criminosos, que nem de perto se parecem com ações policiais:
— Isso nos preocupa muito. É muito importante verificar que há só a semelhança das vestimentas. A linguagem, o horário, os veículos que os criminosos são totalmente diferentes.
A Polícia Civil busca identificar de onde esses materiais são adquiridos ou fabricados. Além disso, o delegado defende o acréscimo no Código Penal de uma qualificadora, que resulta no aumento de pena, a ser atribuída a condenados que se utilizam desses artefatos para cometerem crimes.