O dentista Alano Frutuoso, 67 anos, mora na mesma quadra da agência do Banco do Brasil atacada por criminosos na noite de segunda-feira (30), em Criciúma (SC). Estava sentado no sofá da sala do seu apartamento, no sétimo andar, prestes a pegar no sono, quando começaram os estampidos.
No início, Frutuoso achou que eram fogos de artifício. Foi até a sacada e começou a observar. Pegou, então, seu binóculo para enxergar melhor o que ocorria.
— Deu uma pipocada de tiros e parou. Aí vieram carros na contramão (da rua). Foi quando percebi que não era a polícia — conta o dentista.
Doutor Alano, como é chamado, disse que viu os reféns sentados bem em frente ao seu prédio. No início, achou que eram integrantes da quadrilha. Só depois percebeu que eram pessoas sob a mira de armas.
— Eram pessoas enfileiradas nessa região — apontou Alano para a faixa de segurança recém pintada ao lado do prédio.
O temor era tanto que o dentista decidiu orientar esposa e os dois filhos a ajudarem colocar móveis e eletrodomésticos em frente a porta.
— Comecei a arrastar sofá. É melhor pecar por excesso do que por falta, né. Todo mundo me ajudou. Colocamos sofá, freezer — conta o dentista.
O que que Alano mais espera é que os bandidos sejam presos o mais rápido possível.
— Fiquei com medo de eles invadirem o prédio. Nunca tinha visto algo parecido. Isso é inusitado — conclui.
Entre os reféns, estavam quatro trabalhadores do Departamento de Trânsito e Transporte da prefeitura de Criciúma. Durante a tarde de terça-feira (1º), eles foram recebidos pelo prefeito Clésio Salvaro, que ofereceu a eles ajuda psicológica e psiquiátrica.