A Polícia Civil deflagrou, na manhã desta quarta-feira (2), operação com 300 agentes, contando com o apoio da Brigada Militar e da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), para coibir a lavagem de dinheiro de uma organização criminosa voltada para o tráfico de drogas no Rio Grande do Sul.
Foram cumpridas 97 ordens judicias em oito cidades. Segundo a polícia, os investigados movimentaram mais de R$ 2,5 milhões em contas bancárias e adquiriram bens avaliados em R$ 9 milhões. Durante as buscas realizadas, R$ 30 mil em dinheiro foram apreendidos.
Os três mandados de prisão — com dois líderes do grupo sendo detidos —, mais 26 quebras de sigilo fiscal e bancário, além de sequestros judiciais de bens e mandados de busca, foram cumpridos em Porto Alegre, Canoas, Sapucaia do Sul, Esteio, Montenegro, Imbé, São Leopoldo e Novo Hamburgo.
A investigação foi coordenada pelo delegado Gabriel Borges, de Sapucaia do Sul, e começou há seis meses, após prisões por tráfico de drogas e porte ilegal de arma de fogo no município. Na ocasião, foram apreendidos vários celulares, e os policiais comprovaram depósitos de valores em 16 contas bancárias em nome de laranjas, inclusive em outros Estados, como por exemplo, no Mato Grosso.
— Os mais de R$ 2 milhões foram movimentados pelo grupo nestas contas em apenas alguns dias — explica Borges.
Também foram adquiridos oito imóveis e 17 veículos, todos sequestrados judicialmente, avaliados em mais de R$ 8 milhões. O dinheiro da organização criminosa era usado também para compra de armas e drogas.
O diretor da 2ª Delegacia Regional Metropolitana, delegado Mario Souza, diz que o local onde o grupo adquiriu imóveis mostra o quanto ele estava se expandindo: dois em Franca (São Paulo), dois em Ponta Porã e um em Campo Grande (Mato Grosso do Sul), dois em Curitiba (Paraná), e outro em Sapucaia do Sul. A operação recebeu o nome de Iceberg porque os crimes foram apurados após a descoberta de depósitos bancários em celulares de presos por tráfico de drogas.
— A atividade funcionava de forma organizada. As lideranças possuíam funções específicas de recolhimento dos valores e transferências nas contas bancárias determinadas. Além da movimentação financeira, o grupo utilizava dezenas de imóveis e veículos como forma de transformar o patrimônio obtido por meio do tráfico de drogas e dar a ele aparência lícita — ressalta Souza.