Depois de fechar uma fábrica clandestina de placas falsas do Mercosul no bairro Jardim Algarve, em Alvorada, a Polícia Civil divulgou áudios obtidos com a apreensão de celulares de 12 investigados, sendo um deles preso em flagrante na terça-feira (1º). A investigação — que já tem oito meses — continua, e o restante da quadrilha responde em liberdade.
As gravações revelam como o esquema funcionava, inclusive com a exigência de placas perfeitas e cobrança por telentrega. Mostram ainda um investigado debochando por ter voltado a atuar para o grupo depois de ter sido liberado da prisão pela Justiça.
A suspeita é de que a fábrica, onde um dos integrantes do grupo — com três antecedentes criminais por adulteração de sinal identificador de veículo automotor — foi detido, produzisse dezenas de placas para clonagem de veículos roubados na Região Metropolitana, muitos deles enviados para Santa Catarina.
Por isso, os mandados foram cumpridos também em Florianópolis, onde um dos investigados estava residindo e recebendo carros roubados com as placas falsas. Houve ainda buscas em Alvorada e Porto Alegre.
Áudios
O que chamou a atenção dos investigadores foi a forma como o grupo agia, e parte disso foi revelado com a apreensão de celulares de alguns investigados durante o trabalho da Delegacia de Roubo de Veículos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic). Nas gravações disponibilizadas pela Polícia Civil, os criminosos reclamam quando a placa não era bem produzida, falam de telentregas e um deles debocha ao dizer que vai continuar agindo no esquema depois de ter sido liberado da prisão:
Em outros trechos, os criminosos falam de valores de placas para motos por R$ 100, entregas de pacote com várias placas por R$ 1,3 mil, bem como o valor das telentregas para regiões como Lomba do Pinheiro, na zona leste da Capital, e Eldorado do Sul.
Investigação
O preso e os outros 11 suspeitos, que respondem em liberdade ao inquérito instaurado pelos delegados Rafael Liedtke e Marco Guns, seguem sendo investigados e, por isso, não tiveram os nomes divulgados. A polícia diz que, com as apreensões de materiais — incluindo computadores, depoimento e análises periciais, poderá detalhar melhor como funcionava o esquema criminoso.
Os delitos apurados são de roubo de veículo, com punição de até 16 anos de detenção; receptação, cinco anos de prisão; clonagem e uso de documento falso, ambos com pena de seis anos; além de organização criminosa, pena de prisão de até oito anos; e porte ilegal de arma de fogo, também com seis anos de detenção.