Agentes do Ministério Público (MP) e da Polícia Civil cumpriram na manhã desta quinta-feira (24) seis mandados de buscas, dois de prisão e mais cinco de indisponibilidade de bens em relação a um dos líderes de uma facção criminosa que tem base no Vale do Sinos. Ele é investigado por ser um dos responsáveis por ter adquirido uma fazenda no Mato Grosso avaliada em R$ 42 milhões e com cerca de 140 mil hectares — ou seja, quase três vezes o tamanho da área de Porto Alegre.
O imóvel possui até pista para aeronave e fica na fronteira com a Bolívia. A fazenda é tão grande que caberiam 140 mil campos de futebol dentro da área total ou então, 3,7 mil parques da Redenção. As ações nesta quinta-feira ocorreram em Novo Hamburgo, Portão e Brochier, no Rio Grande do Sul, e em Itapema, no litoral de Santa Catarina.
Entre os bens confiscados estão veículos de luxo e imóveis rurais no Rio Grande do Sul e em outros Estados. Também foi confirmado que os suspeitos adquiriram outra propriedade rural no Piauí.
O homem apontado como líder da organização criminosa foi detido em Novo Hamburgo. O nome dele não foi divulgado porque a investigação continua. O outro alvo de mandado de prisão não foi localizado e é considerado foragido.
A ação foi realizada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do MP, e Delegacias de Lavagem de Dinheiro do Departamento de Investigações do Narcotráfico (Denarc) e Gabinete de Inteligência Estratégica (GIE) da Polícia Civil.
Em maio, a Polícia Civil e MP, já haviam cumprido mais de 300 ordens judiciais contra a facção e prendido 10 pessoas, quando foi divulgada a aquisição da fazenda no Mato Grosso. Na ação, outro líder da organização também foi preso. Em dezembro do ano passado, houve a primeira ofensiva desta investigação.
Lavagem de Dinheiro
O delegado Adriano Nonnenmacher, do Denarc, diz que, em apenas duas fases, foram apreendidos cerca de R$ 18,3 milhões em bens. Houve ainda uma outra operação, sendo considerada a primeira etapa. Sobre o homem preso nesta quinta-feira, ele destaca que, no início dos anos 2000, o investigado assumiu a liderança da facção, que foi criada em meados dos anos 1990.
— Ele foi responsável por dar ao grupo um panorama de organização, territorialidade, astúcia, arregimentação de criminosos em todo o Estado, alavancando de vez a sua estruturação hierárquica e funcional, tendo como mote principal o tráfico internacional de drogas e sua distribuição em todo o Rio Grande do Sul nos moldes de cartel e máfia, bem como, ultimamente realizando complexas redes de lavagem de dinheiro — explica Nonnenmacher.
Segundo a polícia, a facção compra drogas em toda a América Latina. Ao todo, nas quatro etapas desse trabalho em conjunto, cerca de 50 pessoas físicas e jurídicas foram investigadas. A apuração segue na busca de mais suspeitos e na análise de dezenas de contas bancárias e movimentações financeiras, a maioria em nome de laranjas.