Atualização: em 17 de novembro de 2020, a Polícia Civil informou que um entregador, que afirmava ter sido a 11ª vítima, confessou ter mentido sobre o caso. Ele admitiu que não foi perseguido pelo Voyage e que se acidentou sozinho. O jovem, que passou a ser investigado pela falsa versão, alega que passava por problemas financeiros. A matéria foi atualizada.
Pelo menos 11 casos de perseguições a ciclistas cometidos pelo condutor do mesmo veículo, um Voyage branco, já chegaram à Polícia Civil — um deles foi descartado pela investigação em 17 de novembro. A maioria dos episódios se concentra na Avenida Edvaldo Pereira Paiva, a Beira-Rio, em pontos diferentes, tanto no sentido Zona Sul-Centro, como no contrário.
Seis registros aconteceram em agosto deste ano. Um foi em setembro, depois que teve início a repercussão do caso. Os demais foram em novembro de 2019 e em fevereiro e março de 2020.
GZH mapeou os pontos dos ataques, que estão sob investigação da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core).
Um dos casos registrados é de um educador físico, de 43 anos, que conta ter testemunhado uma série de tentativas por parte do mesmo condutor. Uma delas, que consta na ocorrência, foi no dia 1° de agosto na Avenida Beira-Rio. Mas, conforme o ciclista, os fatos seguiram e no dia 25 de agosto houve nova tentativa.
— Vi várias situações. A última vez foi no dia 25 de agosto, uma terça-feira. O cara passou grudado em um dos ciclistas. Em outra, ele abriu a janela e xingou. Quanto mais pessoas registrarem, melhor — afirma o ciclista.
Na maioria dos relatos, os alvos foram homens, com idade entre 26 anos e 56 anos. Alguns deles pedalavam sozinhos no momento.
Os ciclistas não acreditam que os alvos obedeçam a um padrão, mas alertam para o fato de que a maioria deles aconteceu no início da manhã: nove foram em horários entre 6h e 7h35min e dois durante a noite. No mais recente, às 22h30min de 17 de setembro, um entregador por aplicativo chegou a cair da bicicleta e machucar o pé.
Um publicitário de 46 anos, que passou pela situação mais de uma vez, diz que não esqueceu a placa porque coincide com sua data de nascimento. Foi alvo do condutor a primeira vez em março e a segunda em 8 de agosto, na Avenida Beira-Rio, no trajeto entre o Beira-Rio e o Iberê Camargo. Como percebeu que ele não havia parado, decidiu registrar.
— Geralmente, estamos de cabeça baixa, nesse trecho, em velocidade alta, de 38 a 40 quilômetros por hora. Ele passou tirando fina e deu uma freada do lado, para ver se me desequilibrava. Só deu tempo de levantar a cabeça e anotar a placa. Se estou desconcentrado ou se é um ciclista inexperiente, não sei o que pode acontecer. Ele vem em alta velocidade, pisa no freio e vai arrastando pneu. Se perder o controle do carro, já era — diz.
Segundo a Polícia Civil, todas as vítimas já prestaram depoimento. Agora, o foco da apuração é coletar provas para apontar o autor dos crimes. Os ciclistas repassaram à polícia a placa do veículo.
O responsável pelos ataques poderá responder por tentativa de lesão corporal ou mesmo tentativa de homicídio — já que os atropelamentos, de acordo com as vítimas, não aconteceram porque elas saíram da frente do veículo.