Uma quadrilha de ladrões de veículos que atua na Região Metropolitana é alvo de operação policial deflagrada nesta segunda-feira (27). Mas, conforme a investigação, este grupo agiria de forma diferente dos que foram alvo de ofensivas na semana passada.
Além de roubar e clonar carros, eles são suspeitos de repassar parte dos veículos para uso de motoristas de aplicativos em todo o Estado. Outro delito apurado pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) é o fato de que os investigados também simulavam roubos para obter dinheiro de seguradoras e revender as peças ilegalmente.
Nesta segunda, 25 policiais cumpriram cinco mandados de busca e cinco de prisão temporária na Capital, em Gravataí e em Alvorada, além de Tupanciretã, na Região Central. O grupo é investigado há um ano pela Delegacia de Roubo de Veículos do Deic.
Em julho do ano passado, três dos suspeitos presos haviam sido detidos após monitoramento feito por uma equipe dos delegados Rafael Liedtke e Marco Guns. Liedtke diz que houve uma abordagem, na época, no momento em que o trio repassava um carro roubado para uma quarta pessoa em um desmanche na cidade de Gravataí.
Logo após este caso, os homens foram soltos e voltaram a agir. Como continuavam na mira da polícia, novas provas foram obtidas, como imagens e áudios, e a ação foi deflagrada nesta segunda-feira, após novas ordens judiciais.
Motoristas de apps
Liedtke diz que o monitoramento resultou na comprovação de um esquema criminoso, que consiste na prática de roubo de veículo sob encomenda com duas finalidades específicas. A primeira tinha como objetivo desmanchar os carros e vender as peças no mercado ilegal. A segunda envolvia a clonagem do veículo — vidros, chassi, motor e placas — para posteriormente revender a receptadores.
O Deic apurou que parte dos automóveis era direcionada a criminosos que os revendiam para motoristas de aplicativos.
— Repassaram para todo o Estado, mas a maior parte dos veículos roubados usados por motoristas de apps é da Região Metropolitana. O trabalho seguinte a este que estamos fazendo hoje (segunda-feira) é identificar os receptadores e acionar as empresas que realizam o transporte por aplicativo nas cidades para que tomem as medidas cabíveis em relação aos carros clonados usados para transportar passageiros — ressalta Liedtke.
A polícia apurou que os motoristas de apps compraram os carros adulterados pelo preço médio de R$ 8 mil, mas alguns foram adquiridos com a quadrilha investigada por até R$ 15 mil.
Fraude
Liedtke explica que os criminosos praticavam outro delito, mas desta vez não envolvendo carros roubados e sim os próprios veículos dos integrantes do grupo ou de familiares e amigos. Segunda o inquérito do Deic, os quatro suspeitos — por diversas vezes — simularam o roubo dos automóveis e fizeram falsa comunicação de crime em delegacias de polícia. Com isso, obtiveram valores de seguradoras ao serem restituídos.
Não bastasse essa fraude, os ladrões desmanchavam os automóveis, que na verdade não foram roubados, e revendiam as peças ilegalmente em desmanches da Região Metropolitana. Liedtke conta que ainda apura o número de golpes aplicados pelo grupo.
Os cinco suspeitos foram presos, mas não tiveram os nomes divulgados pelo Deic porque a investigação continua. Dois foram presos na Capital, sendo que um deles, no bairro Jardim Lindoia, teve uma BMW irregular apreendida e avaliada em R$ 140 mil. Por enquanto, a polícia descarta a participação de mais envolvidos e informa que vai identificar os receptadores de carros e peças roubadas, bem como os motoristas de aplicativo que trafegam com automóveis clonados.
Os crimes apurados são: roubo de veículos, clonagem, associação criminosa, estelionato, falsa comunicação de crime e receptação. A pena máxima para roubo de veículos é de 16 anos, clonagem e associação criminosa é de seis anos, estelionato é de cinco anos, já falsa comunicação de crime é de seis meses e receptação é de oito anos.