O que se iniciou como um incêndio no fim da tarde de quinta-feira (9) seguido do desaparecimento de três pessoas acabou revelando um possível triplo homicídio em Cruzeiro do Sul, no Vale do Taquari. A polícia acredita que alguém ateou fogo a um galpão para esconder os corpos das vítimas, identificadas como um casal e o caseiro que viviam na propriedade na localidade de São Miguel.
As chamas foram percebidas por vizinhos por volta das 16h30min de quinta-feira. Um menino, filho do casal, que estava no local foi resgatado. Como a estrada de acesso à propriedade estava alagada, por conta da enchente que atinge a região, não foi possível chegar ao local no momento para combater o incêndio. Somente no dia seguinte foram descobertos os três corpos dentro do galpão, de alvenaria e madeira.
A perícia acabou reforçando as suspeitas da polícia, de que os três foram mortos e o incêndio foi a forma de tentar encobrir o crime.
— Não tenho dúvidas de que foram assassinados. Foi encontrado um projétil na coluna cervical da mulher, o que indica um tiro na nuca. É execução, sem sombra de dúvidas — afirma o delegado Dinarte Marshall Júnior, responsável pela investigação do caso.
A polícia está ouvindo pessoas próximas às vítimas para descobrir o que motivou o crime. Até o momento, ninguém foi preso.
Confira 10 questões sobre o caso
Quem são as vítimas?
Após o incêndio, desapareceram da propriedade o caseiro Sinésio Inácio Ghilardi, 29 anos, e o casal Mirela da Silva e Leandro Arruda. Familiares reconheceram pertences que estavam junto aos corpos como sendo deles. A identificação oficial das vítimas só poderá ser feita por meio de exame de DNA, pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP), por conta da carbonização dos corpos.
Qual o vínculo entre os três?
Mirela e Leandro eram companheiros e estavam residindo de favor na propriedade há cerca de uma semana. Os dois eram amigos de Sinésio, que trabalhava como caseiro e morava com a esposa no local.
O que provocou as mortes?
A perícia encontrou um projétil de pistola calibre 380 na cervical da mulher — isso leva a polícia a concluir que ela foi morta com um tiro na nuca. Nos homens não foi possível constatar a causa da morte, e nem se foram baleados, embora houvesse suspeita que um deles tivesse sido alvejado, devido ao estado dos corpos.
O que causou o incêndio?
A perícia apontou que o incêndio foi provocado de forma intencional, com uso de algum combustível. Um veículo que estava no galpão também foi incendiado.
De quem era o carro?
A polícia ainda está apurando porque ficou destruído pelas chamas. Mas a informação de familiares é de que o Corsa pertenceria à padaria onde Leandro trabalhava em Lajeado, município vizinho a Cruzeiro do Sul. Ele utilizaria o veículo para realizar entrega de pães. Para isso, costumava sair todos os dias ainda durante a madrugada. Mirela permanecia na propriedade, cuidando do filho.
Havia mais alguém na propriedade?
O filho do casal, de quatro anos, estaria dormindo na casa da frente, onde vivia o caseiro. Ele teria acordado com o estalido provocado pelo fogo. A criança não se feriu. A esposa de Sinésio também morava no local e já foi ouvida pela polícia. A mulher relatou que na tarde do incêndio havia ido até a casa do pai, na mesma localidade, para auxiliá-lo a recolher alguns animais e levantar móveis porque a propriedade havia sido atingida pela enchente.
De quem era a propriedade?
De outra mulher, que não morava no local, e já foi ouvida pela polícia.
Qual a suspeita dos investigadores?
Para a Polícia Civil, os três foram assassinados e o galpão foi incendiado para ocultar os vestígios do crime.
O que faz a polícia suspeitar disso?
Não haveria motivos para as vítimas não conseguirem sair do galpão, caso o incêndio não tivesse sido intencional. As portas eram de fácil acesso. A perícia também constatou que as chamas começaram exatamente onde estavam os corpos, um indicativo de que alguém tentou escondê-los. Aliado a isso, o projétil no corpo da mulher reforça a suspeita de execução.
Qual a motivação?
Ainda não está esclarecida.