O ex-chefe e pai de um dos filhos de Diênifer Padia, 26 anos, é suspeito de ser um dos mandantes do crime que culminou em um triplo homicídio com integrantes da mesma família em Passo Fundo, há pouco mais de um mês. O homem de 42 anos foi preso preventivamente na manhã deste sábado (27) no interior de Casca, no norte do RS.
Na noite de 19 de maio, Diênifer, o cunhado Alessandro dos Santos, 34 anos, e a sobrinha Kétlyn Padia dos Santos, 15 anos, foram mortos por asfixia dentro de casa. À frente da investigação, a delegada Daniela Minetto afirma que Diênifer era o alvo. A esposa do preso e o cunhado dele também teriam envolvimento na trama criminosa e estão foragidos.
O homem preso é dono de uma propriedade rural que cria suínos na qual Diênifer e um familiar trabalhavam antes dela ir morar em Passo Fundo. A jovem se envolveu com o chefe, que era casado e tinha filhos. Durante o relacionamento extraconjugal, Diênifer engravidou. A jovem ocultou a gravidez, mas reapareceu após o nascimento da criança.
— Quando ela surgiu com a criança, começaram a aparecer os rumores que a mulher do chefe, a patroa, descobriu a traição. Diênifer e o familiar foram mandados embora e retornaram a Passo Fundo.
Em meados de fevereiro deste ano, Diênifer teria passado a receber ameaças de morte. Entre elas, uma boneca sem pernas e braços e com manchas que imitam sangue, entregue em uma caixa de sapatos. Com a criança, a mãe teria feito algumas exigências ao suspeito. A investigação apontou que o pai deu uma casa para ela e a família – residência onde o crime aconteceu – e um cartão de crédito para arcar com as despesas da bebê.
— Apuramos também que ela estava solicitando para ele auxílio financeiro para montar uma loja de confecções em Passo Fundo — conta a delegada.
Caçula de quatro irmãos, Diênifer viveu três anos no interior do município de Casca trabalhando na propriedade do suspeito de ser o mandante do crime. No período, conseguiu juntar dinheiro para abrir uma loja de roupas no centro de Passo Fundo.
Mataram pai e filha como queima de arquivo, para não ter testemunha. Os executores previam que pudesse ter mais gente na casa. Eles foram preparados para matar mais gente, pois tinham diversos lacres que usaram para asfixiar as vítimas.
DANIELA MINETTO
Delegada de Passo Fundo
Diênifer esperava apenas o fim da pandemia de coronavírus para abrir seu comércio. Já havia comprado as peças e tinha os manequins. Tudo estava guardado na casa dela. Há menos de um ano, havia retornado a Passo Fundo onde vivia com os três filhos - dois meninos, um de seis e outro de três anos e uma bebê de um ano e meio. Na mesma casa, viviam a irmã de Diênifer, Ana Paula, 31 anos, o cunhado Santos e a sobrinha Kétlyn – os dois últimos, mortos em 19 de maio.
Em fevereiro, ao mesmo tempo em que a criança foi submetida a exames de DNA, iniciaram-se, segundo a delegada, as tratativas para o assassinato de Diênifer. A ex-patroa de Diênifer contatou o irmão para achar alguém que pudesse eliminar a jovem. Este homem contratou, em Passo Fundo, um ex-policial militar, com antecedentes por tráfico de drogas, para matar Diênifer. O crime, inclusive, previa recompensa em dinheiro.
O ex-PM foi preso preventivamente em 19 de junho. Em depoimento, ele confirma a proposta, mas diz que não aceitou. A investigação, porém, tem indícios de que o ex-PM contratou dois homens para executar o crime. A polícia ainda trabalha para chegar no nome dos dois homens que asfixiaram os três integrantes da família Padia dos Santos.
— Dentro do inquérito, temos depoimentos de dois indivíduos que foram procurados pelo ex-PM e não aceitaram. Ambos vieram de forma espontânea nos dar essa informação — afirma a delegada.
Na casa do ex-PM, além de drogas e armas ilegais, foram apreendidos R$ 17,5 mil em dinheiro. Na investigação, a delegada já havia apurado que os ex-patrões de Diênifer estavam oferecendo entre R$ 25 mil e R$ 30 mil para quem a matasse. A polícia acredita que Alessandro e Kétlyn foram mortos por estarem junto com Diênifer no momento do crime.
— Mataram pai e filha como queima de arquivo, para não ter testemunha. Os executores previam que pudesse ter mais gente na casa. Eles foram preparados para matar mais gente, pois tinham diversos lacres que usaram para asfixiar as vítimas.
Segundo Daniela, todos os envolvidos serão indiciados por homicídio com quatro qualificadores: pagamento de recompensa, asfixia, emboscada e homicídio contra mulher em razão da condição de sexo feminino.