A Polícia Civil investiga dois homens por ameaças pelo WhatsApp ao prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan, durante o período de pandemia. Agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) cumpriram dois mandados de busca, sendo um nesta terça-feira (5), na casa dos suspeitos. Um deles foi ouvido pelos policiais, confessando o crime pelo fato de ter sido prejudicado financeiramente por medidas de distanciamento social.
O responsável pelo inquérito, delegado Marco Antônio de Souza, informou que uma ordem judicial foi cumprida na casa deste empresário da Capital na segunda-feira (4). Em depoimento, ele afirmou o que a polícia já havia apurado na gravação enviada a Marchezan no final de março deste ano. No áudio, o homem fala palavrões, faz ameaças e menção de futuras agressões.
Souza destaca que pode ter uma motivação política neste caso. Segundo ele, o investigado já teve divergências partidárias com o prefeito e por isso trocou de partido. A polícia não está divulgando ainda os possíveis motivos ligados à política e os nomes dos suspeitos.
— Não queremos dar publicidade a essas pessoas, mas temos o dever de investigar esses casos e mostrar para a sociedade que isso é crime. Ter opiniões contrárias e até críticas em um debate político são questões normais, mas apelar para o caminho da violência sempre será um fato de investigação policial para evitar problemas maiores e impunidade — ressalta Souza.
O empresário teve o celular apreendido para perícia. O outro homem investigado, já identificado e sem profissão confirmada até o momento, não foi localizado durante mandado de busca nesta terça-feira na sua residência em Porto Alegre. Souza disse que esse suspeito é investigado por difundir o áudio com ameaças ao prefeito da cidade e que a prioridade, neste inquérito, é encontrá-lo para prestar esclarecimentos.
Crimes
A polícia apura dois crimes: ameaça e injúria. Souza disse que os dois investigados vão responder em liberdade pelos delitos, que são crimes de menor poder ofensivo, geralmente convertidos em prestação de serviços à comunidade. Em agosto do ano passado, uma mulher foi indiciada por ameaças nas redes sociais contra Marchezan, a esposa dele e três filhos. Foram 10 postagens, mas sem nenhum motivo aparente. Na ocasião, ela não foi localizada, já que seria de Goiás e teria residido por algum período em Porto Alegre.
Marchezan
Por meio de sua assessoria de imprensa, o prefeito lamentou o fato e destacou que as ameaças podem ter cunho político: "Infelizmente, manifestações de divergências ou de discordância, sejam elas de questões de ciência, política ou de gestão, quando elas passam do limite, deixam de ser uma questão de política para ser de polícia. É o que aconteceu infelizmente neste caso e agora as consequências são de acordo com o Código Penal Brasileiro. A Polícia Civil, Ministério Público e Judiciário deverão agora se preocupar com essa situação específica. Lamentavelmente deixou de ser questão de política para ser uma questão de polícia".