Presa após confessar ter assassinado o filho em Planalto, no Norte gaúcho, Alexandra Dougokenski irá prestar depoimento pela terceira vez à Polícia Civil. Ela será interrogada no Departamento de Homicídios, no Palácio da Polícia, em Porto Alegre, às 14h deste sábado (30). Há cinco dias, ela está presa temporariamente por confessar a morte e ocultação do corpo de Rafael Mateus Winques, 11 anos.
Será a primeira vez que ela conversará com os investigadores em Porto Alegre e acompanhada de seu advogado, Jean Severo. Os delegados Ercílio Carletti, de Planalto, e o diretor de investigações do Departamento de Homicídios, Eibert Moreira Neto, irão fazer os questionamentos.
A expectativa da Polícia Civil é confrontá-la com os novos depoimentos colhidos ao longo da semana. Familiares - como a avó e o tio - e pessoas próximas do menino foram ouvidas. Além disso, uma nova perícia foi feita na sexta (29) na residência onde a família morava e na casa ao lado, onde o corpo foi encontrado.
— São diversas questões que precisamos esclarecer — resumiu Eibert, sem dar detalhes dos novos pontos identificados pela polícia.
Já a defesa garante que ela vai contar detalhes de como o menino morreu, mas sustentar a tese de que foi um homicídio culposo - sem a intenção de matar. Segundo Jean Severo, o garoto passou mal após a mãe dar a ele diazepam. Depois, "desesperada e abalada psicologicamente", teria arrastado o corpo de Rafael com uma corda até a casa ao lado e o escondido em uma caixa.
— Ainda ficou no ar a situação da corda, da saída do corpo até o local onde foi colocado. Os remédios e como comprou. A questão do suposto estrangulamento, corda no pescoço. Tudo isso ela vai explicar hoje, reafirmando que agiu sem intenção — declarou o advogado.
A defesa ainda quer uma reconstituição do crime, que segundo Severo "vai mostrar que agiu sozinha". A Polícia Civil ainda não definiu se irá solicitar o procedimento ou não.
Na segunda, confissão
Na segunda-feira (25), Alexandra confessou aos policiais que havia escondido o corpo do garoto. As autoridades locais procuravam há dez dias pelo menino, com buscas pelo Corpo de Bombeiros e Brigada Militar. A própria mãe dizia não saber onde ele estava e pedia a ajuda da comunidade. Em um interrogatório, que começou às 10h da manhã daquele dia e durou cerca de sete horas, ela disse aos policiais que havia escondido o corpo.
Depois, ainda na última semana, ela foi ouvida no Presídio Estadual de Iraí, onde era mantida presa temporariamente, ainda sem o advogado. Alexandra foi transferida na quarta-feira (27) para o Presídio Feminino de Guaíba, na Região Metropolitana.
A morte de Rafael gerou comoção na comunidade de Planalto. Houve carreata após a morte do menino, pedindo Justiça. Em uma coletiva de imprensa, o delegado Joerberth Nunes, diretor do Departamento de Polícia do Interior, comparou a morte ao caso Bernardo Boldrini, morto em 2014 em Três Passos, pelo pai, madrasta e dois amigos dela.