O entra e sai, especialmente durante a noite, em um prédio no coração do centro de Porto Alegre — a uma quadra do Mercado Público, por exemplo — intensificou a suspeita sobre a atividade que acontecia ali. Na manhã desta segunda-feira (10), quando ingressaram nas salas do prédio de quatro andares na Avenida Júlio de Castilho, policiais civis e agentes da Receita Federal confirmaram a existência de um depósito de materiais falsificados. Salas abarrotadas de diferentes tipos de produtos foram lacradas durante a tarde e o local ficará guarnecido pela polícia até a retirada completa do material.
Segundo o delegado Joel Wagner, da Delegacia de Proteção ao Consumidor do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), apesar de estarem em busca do local onde estariam sendo armazenados os produtos, até mesmo os policiais se surpreenderam com a quantidade. Dos quatro andares, pelo menos três estavam sendo usados para armazenar diferentes tipos de mercadorias, como roupas, eletrônicos, acessórios, entre outros.
— Esses produtos serão retirados e colocados em depósito da Receita Federal. É uma logística que ainda estamos definindo. As portas (das salas) estão lacradas. O local ficará guarnecido. Na sequência, vamos retirar o material. Com certeza vai demorar alguns dias. Os produtos que estiverem regulares serão devolvidos. Mas ao que tudo indica, os materiais não tem procedência. Ou já teríamos acesso às notas — afirmou o delegado em entrevista ao Gaúcha +, da Rádio Gaúcha.
Até o momento, conforme o delegado, ainda não se sabe quem é o responsável pelas mercadorias. Documentos foram recolhidos dentro das salas para facilitar a identificação dos envolvidos. A polícia também apura a existência de outros depósitos com a mesma finalidade. Ainda conforme o policial, os proprietários dos produtos poderão responder por crimes contra a ordem tributária e contra a relação de consumo. Poderão ainda ser responsabilizados por integrar organização criminosa, caso isso fique comprovado ao longo da investigação.
— O objetivo da polícia é atuar na macro criminalidade. O mais importante é localizar os produtos que abastecem todo um mercado ilegal. É a ponta de uma investigação. Muitas vezes, a gente vê vendedores comercializando mercadorias irregulares e esquece que por trás disso existe uma organização que lucra muito — disse o policial.
Questionado se, além do comércio de produtos sem procedência, o depósito poderia estar sendo usado para outros tipos de crime, Wagner afirmou que essa resposta dependerá do avanço das investigações:
— Ainda é muito cedo para se afirmar se existem outros tipos de delitos. Mas muitas vezes esses produtos são de origem estrangeira, seja do Paraguai ou da China. E junto desses produtos são transportados outros, como drogas e armas.
Confira a entrevista do delegado Joel Wagner na íntegra: