A partir da investigação dos suspeitos do assassinato do engenheiro Alexandre de Oliveira Brito, 58 anos, desparecido em Imbé em 9 de novembro do ano passado, a Polícia Civil tenta mapear uma rota de carros que são roubados no Litoral Norte e levados para Santa Catarina. Segundo o delegado Antônio Carlos Ractz Junior, os criminosos estão ligados a uma facção com base no Vale dos Sinos. A investigação é feita em conjunto entre as Delegacias de Polícia de Tramandaí e Imbé.
— Nosso objetivo é montar a rota que esse carros roubados fazem — explica o delegado.
Em 10 de janeiro, a Polícia Civil prendeu quatro pessoas por envolvimento na morte do engenheiro. As investigações apontam que, em 9 de novembro, a vítima fez um saque de R$ 300 em Tramandaí, foi até uma casa no bairro Parque dos Presidentes para um encontro. No local, Brito teria sido amarrado e torturado. Nesta terça-feira (21), servidores do Instituto-Geral de Perícias (IGP), com a utilização de luminol, localizaram sangue em diversos cômodos da casa.
— A partir dali, levaram o corpo ainda vivo para Cidreira, onde atearam fogo — explica o delegado.
Brito foi transportado no próprio carro, inconsciente, até as margens da RS-786, em Cidreira. O crime teria ocorrido entre às 17h e às 21h do dia 9 de novembro.
Paralelo ao assassinato, de dentro da Penitenciária Modulada Estadual de Osório, veio a ordem de que a Outlander cinza do engenheiro deveria ser levada até Santa Catarina. A caminhonete foi entregue em Sombrio (SC) na manhã do dia seguinte, 10 de novembro, onde, segundo a polícia catarinense, a facção gaúcha estaria expandido sua rede criminosa desde março de 2018. O veículo foi vendido por R$ 3,5 mil no pátio de um restaurante às margens da BR-101. O mesmo carro também foi visto em Araranguá.
Segundo a polícia, o foco dos criminosos era extorquir a vítima e levar o carro, sem matá-la.
— Eles mataram porque o engenheiro se negou a passar as senhas e começou a gritar. Foi amordaçado e um deles decidiu matar. E o veículo já saiu do Estado vendido, já havia uma pessoa certa para comprar o carro lá (em SC). Por isso, há a possibilidade de existir uma rota: muitos carros são levados daqui e nunca aparecem. Esse pessoal tem experiência, é organizado e tem logística para executar isso.
A polícia ainda não sabe o paradeiro da Outlander. Os criminosos retornaram para Tramandaí de táxi. Parte do dinheiro da venda do carro teria sido enviada, segundo o delegado, para o integrante da rede que está na penitenciária de Osório. Nesta terça-feira, a Polícia Civil gaúcha esteve em Sombrio e colheu o depoimento do taxista que transportou os criminosos.
Já de volta ao Litoral Norte, um dos criminosos teria vendido o telefone da vítima para uma loja em Tramandaí. O aparelho foi revendido para uma terceira pessoa.
— Todas estas pessoas, tanto a loja, quanto o cliente, vão responder por receptação — afirma Ractz.
Ainda de acordo com o delegado, os suspeitos do crime estão envolvidos com roubos, furtos, tráfico de drogas no Litoral Norte. Teriam ligação também com os presos na última sexta-feira (17) pelo Departamento de Investigações do Narcotráfico (Denarc) em um haras em Osório. Na ação, quatro pessoas foram detidas. A polícia também apreendeu quatro armas, quatro veículos, maconha e cocaína — a droga era levada da Região Metropolitana até o local.
Os suspeitos da morte de Brito são investigados pelos crimes de extorsão, homicídio duplamente qualificado, associação criminosa e ocultação de cadáver.