No mesmo dia em que o engenheiro civil Alexandre de Oliveira Brito, 58 anos, foi visto pela última vez, em Imbé, um corpo foi encontrado às margens da Interpraias, em Cidreira. A Polícia Civil investiga se o cadáver é o do homem desaparecido em 9 de novembro — ele saiu e não retornou mais para casa.
Conforme o delegado Antonio Carlos Ractz Junior, de Imbé, foi solicitada coleta de material genético para apurar se o corpo é do engenheiro civil. Não foi possível fazer o reconhecimento. Além disso, a polícia pediu quebra de sigilo bancário e telefônico.
Análise de câmeras de segurança mostram que Brito saiu de Imbé no seu carro — uma Outlander — no sábado. O mesmo veículo foi visto na manhã seguinte no município de Araranguá, em Santa Catarina, a cerca de 150 quilômetros da cidade no litoral norte gaúcho.Conforme familiares, Brito tinha uma vida tranquila em Imbé.
Natural de São Leopoldo, no Vale do Sinos, fez carreira em Porto Alegre e, ao se aposentar, mudou para o Litoral, há três anos. Era solteiro e sem filhos. Gostava de andar de bicicleta, ler e circular de carro pela orla. Na cidade, o único familiar é uma sobrinha de 44 anos.Irmã de Brito, a assistente social aposentada Rosana Maria de Oliveira Brito, 70 anos, teria sido uma das últimas pessoas a fazer contato com o desaparecido.
Na manhã de sábado (9), conta que ligou para o irmão para combinar sua ida a Imbé, que seria na quarta-feira seguinte (13).
— Estava me esperando na praia (em Imbé). Falei com ele sábado de manhã e estava muito bem. Me disse: vou te esperar. Era acostumada a visitá-lo quase todo final de semana. Éramos muito apegados.
Rosana tentou novo contato apenas na terça-feira (12), quando combinaria com o irmão de ir buscá-la na rodoviária. A ligação caiu na caixa de mensagem em todas as tentativas. A irmã foi a Imbé na quarta-feira, quando registrou ocorrência do desaparecimento de Brito na Polícia Civil.
Compras no súper
Ainda no sábado, após falar por telefone com a irmã, o engenheiro teria ido almoçar em um restaurante em Tramandaí, o que era hábito aos finais de semana. Na volta, passou no supermercado, onde comprou cuca alemã, frios, frutas e comida para o gato. Também teria sacado dinheiro em um caixa eletrônico.
Rosana conta que todas as compras do supermercado foram deixadas na mesa da cozinha. Uma vizinha teria visto Brito sair com seu carro logo depois de ele chegar, por volta das 16h. Ele usava camisa clara, bermuda verde e chinelos.
— Ao sair de casa ainda abanou para a vizinha. Ligou o alarme, mas deixou as janelas abertas. Se fosse para longe, não faria isso. Tudo indica que ia voltar para casa. As compras estavam em cima da mesa — relata a irmã.
Brito morava a sete quadras da praia. Para Rosana, pode ter saído para dar uma volta à beira-mar.
— Já pensei em tudo. Como ele tem uma caminhonete grande, talvez alguém roubou o carro. Não vejo nenhum desafeto que ele poderia ter. A gente não sabe quem poderia ter feito algo contra ele.
Segundo Rosana, a sobrinha de Brito que também mora em Imbé diz ter visto o tio passar de carro em frente à sorveteria em que ela trabalha, por volta das 16h de sábado em que ele desapareceu. O veículo ia em direção à Avenida Paraguassu. A irmã afirma que o engenheiro não sofria de depressão e nem tomava remédios.
— Estamos muito apreensivos porque até agora nem ele nem ninguém ligou pedindo resgate, caso tivesse sido sequestrado. A gente quer saber o que aconteceu, independente do que foi. Estamos preparados para tudo.