A Polícia Civil deflagrou, na manhã desta quarta-feira (22), operação para combater a venda de drogas e a associação ao tráfico no Vale do Sinos. Os alvos são suspeitos de integrar uma facção criminosa que tem base na região, atua em todo o Estado e que, nos últimos anos, expandiu os negócios para o sul de Santa Catarina.
Cerca de 260 agentes cumprem 38 mandados de prisão preventiva, sendo que 10 são contra pessoas que já estão no sistema prisional. Há ainda 53 mandados de busca.
A operação terminou às 17h, com 17 suspeitos presos e um adolescente, apreendido. Seis carros e uma moto também foram recolhidos na ofensiva, entre eles, um Camaro.
A maioria das ordens judiciais é cumprida em Sapiranga, cidade que teve os principais acessos fechados pela polícia nesta manhã. Novo Hamburgo e Nova Hartz também foram alvos da ofensiva.
Além do Vale do Sinos, os apenados que estão tendo prisão preventiva decretada estão no Presídio Central de Porto Alegre, na Penitenciária Modulada de Montenegro e na Penitenciária Estadual do Jacuí, em Charqueadas. Os nomes dos investigados não estão sendo divulgados devido à Lei de Abuso de Autoridade.
Segundo o responsável pela investigação — que começou no segundo semestre do ano passado —, delegado Fernando Branco, o homem apontado como principal líder do grupo, que é uma espécie de núcleo da facção que age em Sapiranga, está no Presídio Central. Da cadeia, desde 2016, o homem comandaria a venda de drogas e já teria dado ordens para vários homicídios. O homem teve indeferido o pedido de prisão solicitado pela polícia.
— Nosso foco agora é combater a venda de drogas, de todos os tipos. Estamos fazendo um levantamento de quanto eles vendiam por mês, mas era muito entorpecente — explica Branco.
Por que não identificamos os presos?
A Lei de Abuso de Autoridade, que entrou em vigor no começo do ano, prevê punições a servidores públicos que expuserem suspeitos de forma abusiva ou mesmo que repassarem dados que possam ser considerados desrespeitosos. A mudança tem gerado restrições nas diretrizes de comunicação por parte dos órgãos de segurança. A Polícia Civil, por exemplo, decidiu que "não serão mais divulgadas aos órgãos de comunicação fotos de suspeitos presos. A orientação é de que não sejam compartilhados ou divulgados vídeos e fotos de presos/investigados/indiciado/conduzidos, de qualquer espécie, ainda que estejam de costas ou que o rosto tenha o efeito desfoque".
O delegado diz ainda que foram analisados vários materiais apreendidos em operações anteriores contra os investigados. Em informações obtidas em celulares e anotações, os agentes descobriram movimentações de cerca de R$ 90 mil durante 15 dias com a venda de drogas. Além disso, as ações do ano passado localizaram dinheiro e mais de 200 quilos de drogas com o grupo criminoso.
Para Branco, a análise das apreensões permitiu que fosse feito um mapeamento de como funciona a rede de tráfico de drogas montada pela facção, com ramificações em todo o Vale do Sinos, bem como no Estado e em Santa Catarina. O delegado diz que a investigação continua, não só para descobrir a movimentação financeira exata e a quantidade de drogas comercializadas pelos criminosos, mas também em busca de mais provas sobre o envolvimento do detento que estaria coordenando de dentro de um presídio o tráfico de drogas em Sapiranga.