O homem que confessou ter matado a facadas a ex-companheira e a ex-sogra, em Porto Alegre, foi condenado a 44 anos e oito meses de prisão em regime fechado. O julgamento começou na manhã desta quinta-feira (30) e foi encerrado por volta das 22h30min.
Em abril de 2018, Santos matou a ex-companheira Mariane da Silva Isbarrola, 30 anos, e a mãe dela, Terezinha de Fátima Pereira da Silva, 56. O crime foi cometido dentro do apartamento em que moravam, onde estavam as duas filhas do casal — que na época tinham quatro e sete anos.
Em relação ao assassinato da ex-companheira, o homem foi condenado por feminicídio qualificado com motivo torpe, por recurso que dificultou a defesa da vítima e meio cruel, com aumento de pena em um terço por ter praticado o crime na frente das filhas. A pena foi estipulada em 26 anos e oito meses.
Já pela morte de Terezinha, ele foi condenado por homicídio qualificado com motivo torpe, recuso que dificultou a defesa da vítima e meio cruel, além de ter se prevalecido contra relações domésticas. A pena é de 18 anos.
Conforme o promotor de Justiça do Ministério Público, Eugenio Paes Amorim, na prática, Santos deve permanecer em regime fechado por cerca de 15 anos.
Segundo Amorim, um dos momentos mais forte do júri ocorreu durante a fala da filha mais nova do casal. No dia do crime, as meninas foram retiradas pelo pai da cena do crime e levadas até uma vizinha.
— A mais nova disse que na hora em que o pai a carregava (para fora de casa, após os assassinatos), ela sentiu dor de barriga, por saudade da mãe e da vó. Foi um dos momentos mais tristes — afirma.
Hoje, as meninas vivem com a irmã do réu.
Durante sua fala, o promotor fez uma reflexão de que a cada uma hora e meia, uma mulher morre vítima de feminicídio no Brasil.
— A história continua se repetindo, homens continuam matando mulheres, nosso trabalho é para que as penas se intensifiquem — afirmou Amorim ao final do julgamento.
"Eram pessoas incríveis", diz testemunha
Na manhã desta quinta, foram ouvidas quatro testemunhas de acusação, entre elas, Dariane Yanzer, 32 anos, que era vizinha das vítimas e conheceu Mariane no Ensino Médio, quando ficaram amigas.
— A gente esperava uma pena maior, mas a verdade é que qualquer pena que fosse dada seria ruim. Porque ele vai cumprir e vai sair, mas elas nunca mais vão voltar — afirma. — Eram pessoas incríveis, fortes, batalhadoras, que não mereciam esse fim. A gente espera que os homens aprendam a procurar a felicidade por si só, e não fiquem buscando justificativa para as ações que cometem contra as mulheres.
À tarde, após o intervalo, o réu foi interrogado. Durante o depoimento, Evandrios disse que errou e que se sente culpado. O acusado ainda negou declarações de testemunhas que diziam que ele não aceitava a separação.
A defesa do réu, o advogado Iotar Nunes Teixeira, afirmou que já esperava "uma pena pesada, por estar diante de um crime que o réu admite".
O crime
Mariane e a mãe foram mortas na manhã do dia 23 de abril de 2018, no apartamento em que moravam no bairro Humaitá, na Zona Norte. Um vizinho, que morava em frente ao imóvel das vítimas, relatou que ouviu gritos das mulheres e bateu na porta para ver o que ocorria.
Quem abriu a porta foi o ex-companheiro de Mariane, que estava com uma faca na mão.
Alguns minutos depois, o ex-companheiro bateu à porta de uma vizinha no terceiro andar pedindo para que ela cuidasse das duas filhas do casal, de quatro e sete anos.
Mariane trabalhava como terapeuta ocupacional na prefeitura de Montenegro e, segundo vizinhos, vinha em processo de separação com o ex-companheiro. Ela já teria relatado ter sido ameaçada pelo ex.