Dizendo-se chocado com vídeo de agressões em bailes funk, o governador de São Paulo João Doria (PSDB) recuou e afirmou nesta quinta-feira (5) que vai revisar os protocolos da Polícia Militar. O governador também se disse chocado com um dos vídeos, o qual mostra um policial agredindo jovens em Paraisópolis.
— Isso é incompatível com o respeito à corporação — disse.
Inicialmente, Doria havia afirmado que não mudaria o modo de agir da polícia.
— Como governador do Estado de São Paulo, eu não aceito que no Estado onde tendo sido eleito governador, esse tipo de procedimento exista. E não mais vai existir — afirmou nesta quinta, durante entrevista coletiva.
— Ou pelo menos faremos tudo para que isso não aconteça. E revisar protocolos, revisar treinamentos e comandos para que nenhum policial militar aja dessa maneira — disse.
O tucano citou um caso de um policial que, com um pedaço de pau, atinge jovens. A polícia afirmou que as imagens são de 19 de outubro, e não do dia 1 de dezembro, ocasião em que nove jovens acabaram mortos quando a PM tentou dispersar um baile funk com 5 mil pessoas em Paraisópolis. Entretanto, uma adolescente que participou da festa rebateu a PM e afirmou que as imagens são do evento.
— Eu mesmo fiquei muito chocado quando vi as imagens que não eram de Paraisópolis agora, num outro momento, de outubro, onde um policial militar agredia jovens que estavam saindo, não sei se de uma sala ou de uma área, desnecessariamente, gratuitamente — disse.
Doria recebeu manifestantes na noite de terça-feira (4). O grupo permaneceu cerca de duas horas na sede do governo. Na reunião, segundo a nota do governo, entre outros, estavam integrantes da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe), Dimitri Sales, o secretário da Segurança Pública, general João Camilo Campos, e o líder comunitário de Paraisópolis, Gilson Rodrigues.
O grupo definiu que um novo encontro será realizado no Palácio dos Bandeirantes na próxima segunda-feira (9), com a presença do governador e de parentes das nove vítimas.