A cada dia surgem novidades no episódio de pisoteamento que resultou na morte de nove pessoas no bairro pobre de Paraisópolis, em São Paulo. As pessoas teriam morrido ao fugir de uma blitz da PM num baile funk, chamado pelos paulistas de "pancadão". Os policiais afirmam que tentavam capturar dois motoqueiros que fugiram deles, disparando tiros.
Todos que me acompanham sabem como respeito e considero necessário o trabalho policial. Sem polícia, voltamos à barbárie: resolver as diferenças na base da lei do mais forte.
O problema é quando os policiais cometem violência desnecessária. Proliferam relatos de que PMs chegaram espancando a tudo e a todos no baile. E não faltam vídeos a respeito, veículados por sites como Uol e Ponte Jornalismo. Um deles é impressionante. Mostra um policial militar agredindo com um porrete comprido os jovens que passam por uma viela. A rapaziada sai caminhando de um beco e recebe pauladas, de forma indiscriminada. Muitos estão com os braços erguidos. De nada adianta.
Óbvio que muitos leitores pensarão que se tratam de criminosos em fuga. Basta olhar alguns segundos do vídeo para perceber que não. São frequentadores de uma festa, sendo espancados na saída de um beco. Simples assim. O PM não pergunta, não revista, não manda encostar na parede para fazer averiguação. Ele apenas espanca.
Um jovem recebe uma sarrafada no braço com o qual carregava um copo de refrigerante. Não era uma arma, era um refri, mas isso pouco parece importar ao policial. Em determinado momento, o PM usa o cassetete para bater num homem que usa muletas.
O mais impressionante nisso tudo é que o policial militar sorri o tempo todo, às vezes ri. Está atrás de um muro, à espera dos jovens, e dá pauladas sem sequer olhar quem será atingido. A PM paulista disse que o vídeo é de 19 de outubro, anterior à tragédia da morte das nove pessoas, em Paraisópolis. E se for? As imagens não mentem: só o sadismo explica a atitude do policial. Se não viu, assista aos três minutos de agressões gravadas. Não há explicação possível para esse comportamento.