A Polícia Federal (PF) deflagrou a Operação Lamanai, na manhã desta quinta-feira (17), que tem como alvo a empresa Unick, com sede em São Leopoldo, no Vale do Sinos. A ofensiva investiga suposta fraude envolvendo o mercado de moedas virtuais.
Cerca de 200 agentes estão nas ruas para cumprir 10 mandados de prisão e 65 ordens de busca e apreensão em Porto Alegre, Canoas, São Leopoldo, Caxias do Sul, Curitiba (PR), Bragança Paulista (SP), Palmas (TO) e Brasília (DF). Todos os mandados de prisão foram cumpridos na manhã desta quinta-feira — os nomes dos alvos não foram divulgados.
A PF também cumpre medidas judiciais cautelares para apreensão de veículos, sequestro de bens e bloqueio de dinheiro em contas bancárias.
Aberto em janeiro deste ano, o inquérito apurou que os clientes da empresa recebiam a promessa de retorno de 100% sobre o valor investido no prazo de seis meses. O grupo, conforme a PF, atuava no estilo "pirâmide financeira".
Ainda de acordo com os investigadores, a empresa chegou a captar R$ 40 milhões por dia. Os valores dos clientes seriam aplicados no mercado de Foreign Exchange (Forex), compra e venda de moedas, ato permitido apenas a instituições financeiras e pessoas físicas com autorização oficial.
— Infelizmente é sempre aquela mesma promessa de um ganho muito acima do que é praticado no mercado. (...) Algo que, aos olhos daqueles que as vezes querem ganhar dinheiro, é algo extremamente interessante, mas que está muito fora da realidade e que não se sustenta — disse o superintende da PF no Rio Grande do Sul, Alexandre Isbarrola, em entrevista ao Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha (ouça abaixo).
Esta é a segunda ofensiva realizada pela PF no Estado contra empresas que atuam no mercado de criptomoedas. Em maio, a Operação Egypto resultou na prisão dos sócios da Indeal — que já foram soltos — e no bloqueio de bens da instituição, investigada por fraude financeira.
Em julho, a Justiça aceitou denúncia do Ministério Público Federal (MPF) e 15 pessoas acusadas de envolvimento no esquema viraram réus. O tamanho do prejuízo às vítimas ainda é calculado — relatório da Receita Federal anexado ao inquérito da PF aponta dívida de R$ 1,1 bilhão a 23,2 mil clientes da Indeal. O nome dos presos não foi divulgado pela PF.
Contraponto
O escritório Nelson Wilians e Advogados Associados, que representa a Unick, divulgou nota no final da manhã desta quinta-feira. Leia a íntegra:
"O escritório Nelson Wilians e Advogados Associados, que representa juridicamente a UNICK Academy, vem reafirmar o compromisso da empresa em colaborar com as autoridades competentes, prestando as informações necessárias para apuração de quaisquer eventuais fatos que tenham ocorrido em relação a suas operações. A empresa reafirma seu compromisso com seus clientes e acredita na Justiça e nos esclarecimentos dos fatos".