Um grupo de moradores da Capital está mobilizado para bancar propagandas em outdoors de apoio ao pacote anticrime do ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sergio Moro. O objetivo dos apoiadores do projeto de lei que tramita no Congresso Nacional é instalar 60 outdoors e seis empenas (anúncios fixados à parede de prédios) em diferentes pontos de Porto Alegre a partir de segunda-feira (28).
Um dos anúncios foi colocado na manhã de quarta-feira (23), em um prédio da Rua Sarmento Leite, na saída do Túnel da Conceição, com a frase: "Quando a lei não é rigorosa, o criminoso fica livre e o cidadão de bem, preso." No anúncio, que fica em uma das entradas da Capital, um homem com rosto coberto aparece apontando uma arma.
À frente da mobilização, a administradora Tuty Nair Berenice da Silva, 66 anos, explica que a ideia surgiu após o Tribunal de Contas da União (TCU) suspender a publicidade do pacote paga pelo governo federal. O relator do processo, ministro Vital do Rêgo, considerou indevido o uso de recursos públicos para a divulgação do projeto de lei que ainda será analisado pelo Congresso.
A iniciativa de apoio ao ministro começou a ser organizada há duas semanas em grupos de WhatsApp. Segundo Tuty, todos os espaços foram cedidos de forma gratuita pelas empresas de anúncios. O grupo está reunindo recursos para bancar a arte e a impressão da propaganda favorável a Moro. Tuty afirma que a mobilização já arrecadou R$ 18 mil de pelo menos cem doadores:
— Estamos conversando com pessoas de bem que querem a mudança que o projeto propõe. Quem não quer acabar com o crime? A gente quer.
Tuty afirma que as doações são feitas, principalmente, por profissionais liberais. A média das contribuições, segundo ela, gira em torno de R$ 100 a R$ 150.
— Cada um dá o que pode. Todo mundo achou o máximo ajudar o ministro a aprovar esse pacote. Teve adesão imediata nos grupos (de WhatsApp). Primeiro, porque todo mundo apoia a Lava-Jato, quer segurança e apoia o ministro Moro. É tu falares no ministro Moro que todo mundo se mobiliza. Chega até a emocionar.
O grupo, segundo ela, tem visão política de direita, é apartidário e está presente em todas as manifestações que ocorrem no Parcão, no bairro Moinhos de Vento. Entre os engajados, estão integrantes do grupo Poa Hoje, que participaram da mobilização para liberação do tráfego da obra inacabada da trincheira da Avenida Cristóvão Colombo, entre dezembro de 2018 e março de 2019, quando a via foi liberada.
O Poa Hoje também se mobilizou para ajudar a aprovação da reforma da Previdência no Congresso, criando a página no Facebook Eu pago teu salário. A ideia da mobilização, explica Tuty, era incentivar as pessoas a mandarem e-mails aos deputados para votarem a favor da reforma da Previdência e agilizarem a tramitação.
Para Tuty, a rápida adesão à iniciativa de apoio ao pacote anticrime ocorreu devido à urgência que as pessoas têm por mais segurança e a demora do Congresso em avaliar o projeto apresentado em fevereiro por Moro:
— As pessoas estão desesperadas, queremos aprovar logo o que precisa ser aprovado nesse país. O Congresso patina muito na votação de todas as coisas importantes. Esse projeto já tinha de ter passado pelo menos pela Câmara. Tudo que envolve segurança é importante. O pacote está perfeito — opina.
Quando os outdoors começarem a se espalhar pela Capital, a partir da próxima semana, o grupo espera causar impacto entre a população. Tuty diz que desde quarta-feira, quando o primeiro anúncio foi instalado na Sarmento Leite, a repercussão tem sido positiva:
— As pessoas vão sentir que realmente o crime não compensa. Queremos mais mocinhos e eliminar os bandidos.
O pacote
Apresentado para a Congresso em fevereiro, o pacote anticrime está em fase de análise em grupo de trabalho. Desde lá, os deputados que avaliam a proposta já rejeitaram a ampliação da chamada excludente de ilicitude e a prisão após condenação em segunda instância por meio de projeto de lei. No momento, o pacote aguarda a criação de uma comissão temporária.